domingo, 12 de julho de 2009

A caminho de Jerusalém


Neste mesmo dia 7 de Julho, mas no já longínquo ano da graça de Nosso senhor Jesus Cristo de 1099, Godofredo de Bulhões chegava às portas de Jerusalém. Decorria a primeira Cruzada. Depois do pregão feito pelo Papa, toda a Cristandade se levantou num impulso entusiástico para libertar o Santo Sepulcro das mãos do infiel. É claro que, no século XI, o mundo infiel estava, em muitos aspectos, mais desenvolvido do que a Cristandade, mas isso que importava para aqueles espíritos movidos pela fé, mas também pela ganância de dominar novos territórios e novas riquezas?

Na 1.ª Cruzada, assim como nas que se lhe seguiram, cometeram-se atrocidades indescritíveis, em nome de Cristo e da sua Igreja. Mas conquistou-se Jerusalém. Por algum tempo, até Saladino a reconquistar para o mundo muçulmano. Nessa época, tal como hoje, Jerusalém representava o centro da fé, o prémio supremo. Disputada por três religiões, Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, Jerusalém era considerada o centro do mundo, nos mapas da Idade Média.


Se Deus me ajudar, Deus, Elohim, Alá - tantos nomes para a mesma necessidade de sagrado - lá estarei em Jerusalém no fim deste mês, para fazer um Curso sobre Ensino do Holocausto.

Também comecei o meu cerco a Jerusalém.

(Texto escrito e publicado em 7 de Julho de 2009)

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No passado domingo, dia 5 de Julho, o grupo de professores que vai a Jerusalém fazer o curso "Memória e Ensino do Holocausto" encontrou-se na Biblioteca da Sinagoga de Lisboa para conhecer alguns pormenores logísticos da viagem e do curso.
Gostei de conhecer a sinagoga, que não conhecia, nem sabia onde se situava. No início do século XX, todos os templos não católicos tinham liberdade para praticar os seus cultos, mas não podiam ter fachada para a rua. Assim, a sinagoga, na Rua Alexandre Herculano, passa bastante despercebida. Os espaços, os rituais,as letras e os números, tudo é diferente e, para mim, interessante.
Um dos organizadores da viagem deu-nos os horários de partidas e chegadas. Chegamos ao aeroporto Ben Gurion, em Telavive, cerca da meia-noite. Um autocarro vem buscar-nos, para nos transportar ao hotel, em Jerusalém.
"No dia seguinte, o mesmo autocarro vai buscar-vos ao Hotel e leva-vos ao Yad Vashem, para começar o curso. O autocarro parte às 8h 30m; não se atrasem, que o autocarro não espera", avisa o organizador.
Preocupo-me com a hora da chegada ao Hotel, no primeiro dia. Parece-me um horário muito apertado, muito cansativo.
"E se há um atraso no aeroporto, ou no autocarro?"
"Não há atrasos. Estamos em Israel."
Hum! Onde está o mundo a que eu estou habituada, o mundo contra o qual protesto mas a que já me acostumei, o mundo do pouco mais ou menos, do "cerca das dez horas" na certeza de que será às dez e meia, o mundo da flexibilidade e da aproximação? Desconfio que vou entrar mesmo noutro mundo, um mundo de rigor e horários precisos, mais eficiente, mas muito menos mediterrânico!

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