quinta-feira, 20 de maio de 2010

El Rocio

(Santuário da Virgen del Rocio)

A primeira impressão diz-nos que estamos no Far-West, talvez num cenário de um filme de índios e cowboys. Outra hipótese é alguma estância na América do Sul, onde dominam os gaúchos e condutores de gado.
Mas não é assim, estamos em plena Andaluzia espanhola, na pequena localidade de El Rocio. É fácil de encontrar. Situa-se no extremo norte da Reserva Natural de Doñana, perto da estância balnear de Matalascañas. Mas é um mundo diferente.

(Altar do Santuário, onde se pode ver a Virgen del Rocio)

Toda a vida da aldeia se organiza em torno do Santuário da Virgen del Rocio. Para a igreja, de exterior imaculadamente branco e interior brilhante de talha dourada, converge anualmente uma das maiores peregrinações de Espanha. A Romaria de El Rocio, como é conhecida, celebra-se no fim de semana do Domingo de Pentecostes. Aqui confluem as culturas cigana, andaluza e equestre, é o reino dos flamencos e das sevillanas. E tanto os homens como as mulheres se vestem a rigor para participar na peregrinação. Há vários caminhos, bem definidos, para chegar ao Santuário da Virgen del Rocio, e os peregrinos seguem-nos, a pé, a cavalo, ou em carros enfeitados com flores.

(Imagens da Romaria, importadas do Google)

A chegada a El Rocio marca o início da festa. Não há ruas alcatroadas, aqui só há ruas atapetadas de areia, onde os cavalos pisam confortavelmente. À frente das casas, não há zonas de estacionamento, há suportes em madeira para prender os arreios dos cavalos.

(Hermendade de Sevilha)

Nas ruas principais, alinham-se as Hermendades, casas de repouso para os peregrinos, mandadas construir pelos habitantes de muitas localidades da Andaluzia, desde cidades como Huelva ou Sevilha, até pequenas vilas, todas rivalizando na decoração e grandiosidade. As Hermendades são mais de cem, algumas já muito antigas, datando dos séculos XVI e XVII.

(Hermendades de Palos de la Frontera, reconhecível pela caravela no topo, já que é a pequena localidade de onde saiu Cristovão Colombo, e a de Puerto de Santa Maria)

Mesmo hoje em dia, El Rocio mantém a sua mística. Alguma é para consumo turístico, mas muita é ainda vivamente sentida pelas gentes que ali vivem ou ali se dirigem na peregrinação anual. E também nós nos deixamos vencer por ela quando, na grande esplanada fronteira ao Santuário, olhamos à volta e só vislumbramos os campos de Doñana, percorridos pelas suas manadas de cavalos selvagens, guardados por águias e onde os últimos linces da Península Ibérica ainda conseguem sobreviver.

(Vista sobre os campos de Doñana)

(Fotografias digitalizadas, de Teresa e Fernando,
 excepto as indicadas como sendo retiradas do Google)