quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Os Mercados de Natal de Berlim


Entrada do Mercado de Natal junto da Igreja Memorial Kaiser Guilherme

Berlim é uma cidade extraordinária, carregada de História, vibrante e dinâmica. Mas, nesta altura do ano, o seu traço mais distintivo são os Mercados de Natal.






A aquecer as mãos no Mercado de Natal de Spandau

São muitos, mais de vinte, que alegram as praças mais importantes da cidade. São todos diferentes, mas todos parecidos, porque o essencial é comum a todos eles: todos celebram o Natal, com as cores e luzes da época, todos vendem os produtos e bonecos relativos à quadra natalícia e em todo o lado se encontram as barraquinhas com as comidas e as bebidas típicas.
Dos mercados que visitámos, o mais bonito é sem dúvida o de Gendarmenmarkt, já que o enquadramento do espaço é, desde logo, belíssimo. Esta praça é das mais bonitas de Berlim, com as suas duas igrejas simétricas, como duas irmãs gémeas guardando o espaço. É também o mercado que tem um espaço maior de restauração e, talvez por isso, era o mais apinhado de gente, pese embora o facto de ser o único onde se paga entrada. Lá jantámos, muitíssimo bem, mas isso não o transformou, no entanto, no meu Mercado de Natal preferido… A minha alergia a multidões manifesta-se nestas alturas!...



Os alemães adoram estes mercados de Natal. Encontram-se famílias inteiras a passear por ali, as comerem as grandes salsichas grelhadas, as bratwurst, ou as sanduiches de pernil fumado, as prager shinken, e a beberem o gluhwein, o vinho novo quente. A cerveja fica para o resto do ano, nesta época bebe-se o vinho quente, aromatizado com uma bebida espirituosa, como o Cointreau, o Sherry, ou o Amaretto, o meu predileto. 





As crianças andam nos carrosséis, ou nos comboiozinhos, e comem maçãs caramelizadas. Miúdos e graúdos deslizam nas pistas de gelo, onde as há, como em Alexanderplatz. Vendem-se bolachas de gengibre e pequenos sonhos que fazem lembrar as nossas farturas de abóbora. Também se vendem adereços de Natal, como estrelas coloridas, presépios de madeira, bolas e enfeites para a árvore de Natal. 





Há sempre músicos ou cantores, a música não pode faltar. O ambiente é de festa.




O presépio está sempre presente, com grandes figuras, em tamanho natural. Encontramos até um presépio com ovelhas verdadeiras à volta do estábulo!




O ambiente de festa não nos deixa, no entanto, esquecer a segurança. Estivemos no Mercado de Natal de Breitschadsplatz, junto à Igreja Memorial do Kaiser Guilherme I, onde no ano passado um terrorista entrou com um camião, matando várias pessoas. Uma cruz marca o local. Agora, grandes blocos de cimento bloqueiam as entradas dos Mercados, e em alguns deles há controlo das malas e mochilas. Percebo que é necessário, mas é triste… e tão contrário ao espírito festivo e natalício que ali se vive!

Entrada do Mercado de Natal de Alexanderplatz

Estivemos à conversa com dois casais de alemães. Uns tinham vindo do sul, da região do Ruhr. Os outros, que encontramos no dia seguinte, tinham vindo do norte, das terras bálticas. Em comum, o objetivo para esse fim de semana: visitar o maior número possível de Mercados de Natal em Berlim! Depois das semanas focados no trabalho, agora que o tempo é frio e escuro, a alegria, a música, o calor destes locais, alegra a alma. Talvez o gluhwein também ajude a aquecer o corpo e a alma… 


E a rena declara orgulhosamente: Ich bin ein berliner!

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Diana de Poitiers, Chenonceau e os outros castelos do Loire

Entrada do Castelo de Chenonceau

Falar do Vale do Loire remete-nos de uma forma quase imediata para os Castelos do Loire. Não conheço outro local onde se concentrem, em tão diminuto território, tantos e tão belos castelos. Castelos encantadores, quase ia a escrever castelos encantados… São muitos, mais de sessenta. Alguns mais grandiosos, outros mais modestos. Uns mais antigos, aurênticas fortalezas medievais do tempo da Guerra dos Cem Anos, outros, pelo contrário, são palácios renascentistas, construídos no século XVI ao gosto italianizante da época. Muitos foram sofrendo alterações ao longo do tempo, consoante a mudança dos donos e as possibilidades familiares, já que alguns ainda são propriedades particulares, habitadas pelos proprietários e de que, portanto, só se pode visitar uma parte. É o caso de Cheverny, com as suas afamadas matilhas de cães.


Breve visão do Castelo de Chaumont


Castelo Real de Blois

Como se explica uma tão grande concentração de palácios e castelos num espaço tão reduzido? Creio que a razão está na sua centralidade dentro do espaço francês: era cómodo para os monarcas. Se a esta centralidade juntarmos o clima aprazível, a paisagem fértil e encantadora, a facilidade de comunicações, percebemos bem a preferência por esta região. A presença da família real funcionou como polo de atração para a nobreza, que também aí se foi instalando.


O Loire em Amboise

Torreão do Castelo de Chinon


O sítio onde Joana d'Arc pousou o pé, quando desceu do cavalo...

Gostaria de visitar todos, mas não é fácil. Em duas passagens pelo Vale do Loire, separadas por um longo período de tempo, pude visitar alguns, vislumbrar outros e manter outros ainda na minha lista de sítios onde gostaria de ir, antes de morrer.


Castelo Real de Amboise


Por todo o castelo se encontram os símbolos dos Valois e da Bretanha

Aqui, as paredes têm ouvidos...

Dos castelos que visitei, os que mais me marcaram foram Chambord (sobre o qual já aqui fiz um post) e Amboise, dois castelos reais, ambos com a marca de Francisco I e do seu arquiteto especial, Leonardo da Vinci. O genial artista foi contratado pelo rei Francisco I para desenhar a bela escadaria central de Chambord. O rei instalou-o perto de si, no pequeno castelo de Clos-Lucé e, quando da sua morte, Leonardo foi enterrado no castelo de Amboise.


O pequeno castelo de Clos-Lucé


Túmulo de Leonardo da Vinci em Amboise

Mas a pérola do Vale é, sem dúvida, o castelo de Chenonceau, com as suas arcadas sobre as águas tranquilas do rio Cher. 


O belo Castelo de Chenonceau

Não era um castelo real. Pertença de particulares, foi adquirido e remodelado para a instalação da favorita do rei Henrique II, a bela Diana de Poitiers. Toda a ala renascentista do palácio nos fala desse triângulo amoroso, começando pelas letras entrelaçadas das iniciais reais: o H de Henri liga-se a um C de Catherine ou a um D de Diane? Essa ambiguidade reflete a atitude do rei, dividido entre a mulher e a amante, entre a jovenzinha florentina que a diplomacia lhe entregou e a esplêndida mulher madura por quem se apaixonou, entre a mãe dos seus dez filhos e a bela companheira que lhe ensinou os jogos do amor.


A ambiguidade das iniciais reais...

A morte precoce do rei permitiu à sua viúva Catarina de Médicis uma pequena vingança. Exigiu da ex-favorita de Henrique II a devolução de todas as joias que tinha recebido, o que  Diana cumpriu sem um queixume. Entre elas, a joia mais preciosa, o castelo de Chenonceau, onde Catarina se instalou. Dali governou a França, numa das regências mais longas da história francesa. E ali mandou fazer o seu próprio jardim, como um espelho do jardim de Diana, localizado do outro lado de uma pequena ponte que dá acesso ao pátio do castelo.

O jardim de Catarina de Médicis...



... e o jardim de Diana de Poitiers

Quanto a Diana de Poitiers, acabou os seus dias no castelo de Anet, pertença da família de Brèze onde entrara pelo casamento, mas também redecorado pelo rei Henrique II. Outra obra-prima sobre a qual também já aqui escrevi. 
Em todos os lugares, se estivermos atentos, podemos sentir a presença dos que ali deixaram a sua marca. Na pequena e pitoresca cidade de Chinon, vemos constantemente as marcas de Joana d’Arc. Em Amboise, pressentimos os dramas familiares e a afirmação de Ana da Bretanha. Em Chenonceau, se conseguirmos abstrair-nos das hordas de turistas que pululam por todos os cantos, conseguimos sentir a vivência apaixonada de Diana de Poitiers. Mas também a humilhação e a vingança da rainha Catarina de Médicis.


O quarto de Catarina de Médicis, em Chenonceau

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

A Normandia dos Desembarques




"O dia em que chegaram" - Escultura comemorativa do Desembarque aliado,
em Sainte-Mère Église

Falar da Normandia é falar de um espaço que vai do Monte St. Michel ao porto de Le Havre, um espaço de paisagens diversificadas e com muitos pontos de interesse. Mas o acontecimento que ali se deu em junho de 1944 foi tão poderoso que marca profundamente toda a região e traz constantemente o passado para dentro do presente.


"A Via da Liberdade" . Marcos quilométricos especiais nas estradas por onde avançaram 
as tropas aliadas
Nesse já longínquo ano de 1944, quase toda a Europa estava ainda sob domínio nazi. Era imperioso abrir uma brecha nessa formidável muralha defensiva que asfixiava os europeus, abrindo outra frente de batalha. Os exércitos aliados decidiram que essa brecha seria aberta na Normandia e, desde esse mês de junho, a Normandia foi o palco de uma luta feroz. Passear pelo norte da Normandia é como desfolhar um livro de História, mas com a particularidade de nos transportarmos instantaneamente para os momentos chave que aí aconteceram! Ao ver as praias e as baterias alemãs que as guardavam, percebemos bem a dificuldade de progressão e o sacrifício que foi necessário para as conquistar.


As praias do desembarque

Bateria alemã perto de Omaha Beach

As chamadas “praias do desembarque”, onde as tropas americanas, inglesas, francesas, canadianas, desembarcaram naquela madrugada de 6 de junho, estão todas identificadas, têm memoriais e centros de interpretação, e têm fortes restrições ao turismo balnear. São espaços de memória.
Utah Beach, Omaha Beach, Gold, Juno, Sword… estes nomes de código ficaram na nossa memória coletiva como locais de heroísmo e de sacrifício. Há vários memoriais, estátuas que reconstituem momentos decisivos, placas e colunas de homenagem, evocam-se nomes e unidades militares. E há bandeiras, muitas bandeiras, em nome dos países e povos que ali se juntaram para derrubar o nazismo.



Conjuntos escultóricos em Utah Beach



Partes do porto artificial de Arromanches ainda são visíveis e testemunham essa incrível obra de engenharia que permitiu o abastecimento das tropas aliadas.
Em Utah Beach, há um grande museu do desembarque. Mas esses museus multiplicam-se por toda a região. Muitos lembram as operações militares, no entanto, a vida quotidiana e a resistência não ficaram esquecidas. Há muitos pequenos museus locais, e fiquei com a ideia de que em toda aquela região martirizada, os despojos da guerra – entre tanques e carros militares, fardas e objetos de uso comum, muitas fotografias – servem hoje para manter a memória e a economia local. Não me choca esse uso da história. Se alguém quiser comprar um capacete alemão ou um apito de comunicação das tropas americanas, este é o lugar a visitar!


Museu da Batalha da Normandia em Bayeux


Museu da Vida Quotidiana sob a Ocupação, em Falaise


Fugir à frente das tropas ocupantes...

Sainte-Mère Église é outro ponto de visita obrigatório. Ali aconteceram os primeiros lançamentos de paraquedistas, que deveriam apoiar o desembarque naval. A violência do que se passou está patente nas figuras que rodeiam o largo principal, como a do paraquedista que ficou preso no campanário da igreja.

Sainte Mère Église - A figura de um paraquedista pendurado na igreja recorda
os episódios do Dia D



Os vitrais reconstruídos da igreja de Sainte Mère Église também prestam
homenagem aos paraquedistas

As praias onde os soldados aliados desembarcaram foram portas de entrada da democracia e da liberdade, contra a barbárie nazi. Mas, a que preço! Há vários cemitérios de guerra na região, americano, inglês, até alemão. Só visitámos o cemitério americano, esmagador nos milhares de campas que se alinham à nossa frente, tocante nos pormenores que não nos deixam esquecer que cada campa abriga os restos de uma pessoa, igual a nós, com os seus familiares que não o esquecem, os seus sonhos, os seus medos.

Cemitério de Guerra Americano de Colleville-sur-Mer



Após dias de intenso combate, a cidade de Bayeux foi a primeira a ser libertada. Esta cidade tem um museu extraordinário, que abriga a grande tapeçaria mandada fazer no século XI para comemorar a conquista da Inglaterra pelo duque Guilherme da Normandia, em 1066. É uma peça magnífica, quase uma enorme banda desenhada (de 70 metros!), com uma expressividade e um colorido notáveis, que se destinava a ser exposta anualmente na Catedral de Bayeux. Completa-se, como um ciclo que se fecha, com um cartaz de 1944, também ali exposto: “Novecentos anos depois, eles voltaram para nos salvar!”


Da Tapeçaria de Bayeux ao Dia D

sábado, 30 de setembro de 2017

A bela Bretanha


 A pitoresca cidade de Vannes

Acho que foi nesta praça de Vannes que me apaixonei pela Bretanha. Vannes fica no Golfo de Morbihan, quase uma porta de entrada na Bretanha, e nós vinhamos a apanhar chuva desde Nantes. E não era uma chuvinha qualquer, era uma daquelas cortinas de chuva forte que tira a graça a qualquer paisagem. Das paragens previstas, só tinhamos cumprido a de St. Nazaire, porque queríamos tomar um café. O Tintim acenava-nos, sorridente, dos cartazes: "Allons à St. Nazaire!" mas a chuva tornava tudo pouco convidativo e a cidade parecia deserta. O café onde parámos, junto ao porto, tinha o ar de lá estar desde o tempo de Hergé, assim como o velho empregado de bigode farfalhudo que falava mais bretão do que francês. Havia um cão simpático e um papagaio barulhento, e as paredes estavam cobertas de fotografias de pescarias, veleiros e cartazes brejeiros...
Rumamos, portanto, a Vannes. Comemos os primeiros crepes bretões enquanto a chuva parava e o céu começava a desanuviar. E, quando entrei nesta pequena praça, percebi que estava a entrar num espaço diferente. As casas de cores quentes, com as traves de madeira à mostra, rodeavam um espaço quase quadrado, com algumas esplanadas. A igreja espreitava a uma esquina e quatro jovens tocavam música bretã, de ressonâncias célticas.

Jovens tocavam junto à praça...

 Flores, sempre... (em Vannes)

Depois, à medida que os dias foram passando, percebi que era isso a Bretanha, esse equilíbrio entre uma natureza bela e dramática, uma presença humana colorida mas granítica e uma referência céltica repleta de misticismo.


Pintando velhos barcos...
Casas tradicionais em Dol de Bretagne

Os mistérios e as lendas rodeiam-nos. Junto a Carnac, situam-se os alinhamentos de menires mais conhecidos da Europa. Por muitas fotografias que tenhamos visto, espantam-nos pela sua incrível extensão e pela desconhecimento: porque foram ali colocadas aquelas pedras, rigorosamente alinhadas? Quem as levantou? Que pensamento religioso esteve na base deste enorme esforço coletivo? Imagino oferendas, sacrifícios e procissões, talvez também cálculos astronómicos. Encontram-se outros dólmenes e menires por toda a Bretanha, mas os de Carnac são os maiores e mais espantosos!

Os misteriosos alinhamentos de Carnac


Os mistérios continuam... Passamos na floresta de Broceliande, no Parque Nacional de Armorica. Ali se desenrolaram partes do ciclo de lendas do rei Artur e quase esperamos ver princesas e magos por entre as grandes árvores de troncos cobertos de musgo. Há histórias e lendas na terra e nos rochedos que avançam para o mar, como cidadelas.

Castell Dinn - Segundo a lenda, foi aqui que os Gigantes Naufragadores
 foram vencidos pelos Korrigans

O Cabo de Penn' Hir

Memorial da Batalha do Atlântico, em Penn' Hir

A própria religiosidade bretã tem um cunho próprio. Há um número enorme de santos, muito venerados, que não foram nunca aceites pela Igreja Católica. Muitos estão reunidos no Vale dos Santos; outros, como São Thegonnec, presidem a igrejas que são Património da Humanidade pelos seus peculiares átrios paroquiais. 


A igreja de São Thegonnec

São Thegonnec, o próprio!
As imagens, em tamanho real, da cripta do Ossário de São Thegonnec

Figuras do extraordinário Calvário de São Thegonnec

Aqui, após a passagem por um Arco Triunfal que é quase um portal que separa o espaço profano do espaço sagrado, encontram-se os Calvários, com as suas figuras esculpidas, quase ingénuas, quase alegóricas. É nestes átrios paroquiais que ainda hoje se celebram alguns momentos das festividades religiosas bretãs, como tivemos a sorte de presenciar.

Entrada no Átrio Paroquial de Sizun

Preparando a procissão de domingo, em Sainte-Marie 
de Menez-Hom (fotografia da minha companheira de viagem Rosa Martins)

Mas nem só de misticismo se faz a vida. A alegria e o colorido das flores temperam a rudeza da costa e do mar. E a vida não era fácil!...

As flores enchem de cor as velhas casas medievais (Dol de Bretagne)

O porto de Le Cammeret

O interior da igreja de Nossa Senhora de Rocamadour lembra o mar e os marinheiros

Um dos locais onde ficámos alojados foi uma bela casa senhorial, com origens no século XIII, hoje transformada num agradável turismo de habitação, o Manoir de la Grande Mettrie. Recomendo-o vivamente, em especial pela simpatia dos donos, que nos ajudaram como puderam nas peripécias que rodearam uma das nossas motas. Contou-nos o Pierre, o dono do Manoir, que, no tempo da sua avó bretã, havia letreiros nas repartições públicas onde se lia: "Não se pode cuspir no chão nem falar bretão." Este humilhante esforço de normalização não conseguiu porém asfixiar a cultura bretã. E se hoje já não há movimentos independentistas, continua a haver uma forte diferenciação cultural, que floresce com um renovado vigor.


O Manoir de la Grande Mettrie

Flores nas pontes em Quimper

Essa cultura, essa especificidade bretã, está patente em toda a parte, desde a língua até aos símbolos célticos que adornam as loiças tradicionais e às músicas e danças que tão bem deixam transparecer essa herança céltica.
A Bretanha é muito mais do que um espaço turístico, é um mundo diversificado e fascinante, ao qual eu pretendo voltar. Ficou tanta coisa por explorar!

Sítios onde apetece entrar... (em Dol de Bretagne)


Sítios de onde não apetece sair... (em Quimper)