O que primeiro me cativou foi o azul incrivelmente azul do mar. Um azul de pintura, forte, quase infantil. Depois, as montanhas. As montanhas sucedem-se, num multiplicar de planos quase cinematográfico.
Cada ilha grega é isto, mar e montanha. Aqui em Aegina, amontoadas à beira-mar, as casinhas brancas e ocre dão o toque humano à paisagem. Os pinheiros avançam até à água e as buganvílias espalham manchas coloridas pelas encostas.
Do terraço frente ao meu quarto vejo o mar, com o seu azul infantil, outras ilhas mais pequenas, frente a Aegina, até à costa montanhosa do Peloponeso.
Os barcos atravessam vagarosamente este mar que parece uma baía de águas calmas, e os pequenos navios da Hellenic Seaways cruzam-no mais ligeiros, ligando Aegina ao porto do Pireus.
Num dos pontos mais altos da ilha, há um templo dórico, ainda mais antigo do que o Partenon: o Templo de Aphaea. É um templo muito bonito, pequeno e equilibrado. As suas belas colunas foram construídas com pedras tão perfeitamente ligadas que parecem feitas de um só bloco. Ainda hoje conseguimos apreciar a sua estrutura interna, embora as peças esculpidas tenham sido retiradas e levadas para Berlim, no século XIX.
Tem uma história que se enraíza na velha mitologia grega e que é quase tão bonita como o próprio templo. O rei Minos, de Creta, apaixonou-se pela donzela Britomaris, que era filha de Zeus e protegida por Artemísia. Para fugir a Minos, a donzela atirou-se ao mar. Foi apanhada nas redes dos pescadores de Aegina e trazida novamente para terra.
Conseguiu, porém, fugir para a montanha e não voltou a ser vista. Por isso, o templo que lhe foi dedicado chama-se Aphaea, isto é, a Invisível.
Do cimo do monte, avista-se um panorama incrível. Dizem que, deste ponto, as mulheres de Aegina assistiram à batalha naval de Salamina, onde os seus maridos combatiam. Hoje, pelo contrário, o cenário que se avista é da mais profunda paz.
Não sei se há paraíso na Terra, mas toda esta envolvência me parece tão irreal, que sou levada a crer que sim. Podia apostar que Calypso dormia aqui mesmo ao lado.
(Fotografias de Teresa Ferreira)