quarta-feira, 30 de junho de 2010

Dormir num palácio


No ano passado completei meio século de existência. E uma das prendas que recebi foi um fim-de-semana no Palace Hotel do Bussaco. Nunca lá tinha estado e foi, realmente, uma experiência extraordinária. O Palácio que hoje funciona como hotel foi construído em 1885 para os reis de Portugal; o rei D. Carlos gostava de o usar como pavilhão de caça. É de uma beleza e harmonia únicas. Construído no mais exuberante estilo neo-gótico, mais exactamente neo-manuelino, multiplica rendilhados, pináculos, gárgulas. Se o exterior é deslumbrante, o interior não o é menos. Aos emblemas reais, às cordas, aos motivos florais, esculpidos em todos os salões e corredores, juntam-se quadros, frescos e painéis de azulejos que evocam Camões e os Lusíadas, mas também outros episódios dos Descobrimentos. Por exemplo, a grande escadaria central está ladeada por dois grandes painéis de azulejos que representam a conquista de Ceuta e a reconquista de Goa. Mas surgem também, logo no salão da entrada, as guerras peninsulares e as lutas liberais. Para quem gosta de História, como eu, há um pormenor interessante em cada canto. À volta do hotel, estendem-se jardins onde é agradável passear, tanto de dia como ao entardecer.


A casa de jantar é dos aposentos mais majestosos. Ricamente decorada, tem uma varanda coberta, onde comemos. A noite estava amena e o ambiente era de uma grande serenidade. Só se ouviam algumas cigarras, de quando em vez um pássaro nocturno. Tudo me soube bem, desde o creme de bróculos com queijo fresco até às sardinhas marinadas com molho de framboesas e ao robalo corado com mexilhões e camarões. A acompanhar, vinho branco, Bussaco de 2003.


Sinceramente, acho que uma estadia neste hotel é uma experiência única, que vale a pena e eu aconselho.
Dormi num palácio, senti-me uma rainha! Que bom é fazer cinquenta anos!

(Fotografias de Teresa e Fernando Ferreira)