quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Apontamentos dos Balcãs




O rio Drina, na Bósnia

Falar dos Balcãs é uma abstração. Em primeiro lugar, porque a palavra denomina uma cadeia de montanhas e foi abusivamente estendida a toda a península. Não por má intenção ou desprezo, mas por pura ignorância. No século XVIII, era uma região distante e estranha, dominada pelos Turcos Otomanos, que os Europeus mal conheciam ou pensavam apenas em termos estereotipados. Em segundo lugar, porque a palavra leva ao engano. Dar um nome significa referir uma unidade e, se há conceito que não pode aplicar-se aos Balcãs é “unidade”. A sensação que sobra de uma visita mais ou menos alargada é a de um conjunto de territórios, intrincadamente enredados uns nos outros, mas com referências muito diferentes, em termos culturais, linguísticos, religiosos. Também não há verdadeiramente multiculturalismo, mas sim choques, mal entendidos e fraturas.


A grande catedral de S. Sava, em Belgrado

Belgrado é uma bela cidade, europeia em todos os aspetos, menos alguns pormenores que afloram de uma história que corre, subterrânea. O passado turco parece propositadamente esquecido, ofuscado pela independência sérvia e por uma forte e evidente fé ortodoxa. Já em  Niš, no sul da Sérvia, essa herança turca é acarinhada e são esses espaços que se mantêm como espaços privilegiados de convivialidade.


Esplanadas dentro da velha fortaleza turca, em Niš

Sarajevo, a capital da Bósnia, parece ser o melhor exemplo de convivialidade interreligiosa. No espaço de 200 metros, encontramos duas mesquitas, uma catedral ortodoxa, outra católica e uma sinagoga. Ao longo dos séculos, estas fés partilharam o espaço, mas as marcas dos bombardeamentos e do cerco dos anos 90 do século XX mostram-nos que o convívio pacífico não passava de uma capa que ocultava tensões profundas. 


A Sarajevo muçulmana

Hoje, Sarajevo é uma cidade aberta, muito turística, mas com uma presença muçulmana muito vincada e evidente. Acontece o mesmo por quase toda a Bósnia, onde cada aldeia ostenta um alto minarete, como que a tomar posse do espaço.


Um minarete em cada aldeia

Há zonas de transição religiosa, que parecem marcar toda a Bósnia. Aí, uma alta cruz no cimo dos montes tenta sobrepor-se aos minaretes das aldeias. Não é por acaso que Medjugorge, na transição da Bósnia muçulmana para a católica, se tornou um enorme local de peregrinação, com um santuário a marcar o lugar das mais recentes aparições da Nossa Senhora.


O Santuário mariano de Medjugorge

O mesmo fenómeno ocorre com a escrita. Se a língua é o servo-croata, aparentada em toda a região, o alfabeto varia, entre o alfabeto latino e o cirílico. E não só varia, como transmite emoções. Na Sérvia profunda, quase todas as comunicações e informações escritas estão em cirílico, mas na maior parte dos locais encontram-se nas duas versões. No entanto, à medida que nos vamos afastando da Sérvia, as inscrições em cirílico vão sendo substituídas pelas latinas, por vezes de forma ostensiva, apagando ou grafitando as anteriores. As consequências das guerras fazem-se sentir de muitas maneiras…


Uma fonte, no sul da Sérvia, com as inscrições em cirílico

Os Balcãs são uma região composta de várias regiões, que caminham olhando em sentidos contrários. Países como a Croácia (que já pertence à União Europeia) e o Montenegro, olham em frente, caminham em direção ao futuro, com dinamismo e estratégia. Apostam no turismo, mas não apenas nas praias. Há uma oferta diversificada, que passa pelas praias, mas também pelo turismo de natureza, montanhismo, turismo cultural. Há muita coisa interessante para descobrir e eu tenho de confessar que o Montenegro foi a melhor descoberta; é uma jóia ainda por desbastar, mas caminha em frente.


Sveti Stefan, na costa do Montenegro
Já a Sérvia parece caminhar arrastando os pés, sempre a olhar para o passado. Centro da antiga Jugoslávia, parece ter parado e desistido, algures entre os anos 80 e os anos 90. O desmembramento dessa potência regional, de que Belgrado era a capital e o centro vital, mantém o país numa espécie de letargia e de indefinição. 


O Danúbio, visto da fortaleza de Petrovaradin

Fora da capital, o turismo é pouco e de âmbito regional, mesmo nas magníficas fortalezas que guardam o Danúbio, ou nos preciosos mosteiros ortodoxos, ou nas chamadas Portas de Ferro.


As Portas de Ferro

Há lixo (embora esse seja um denominador comum a toda a região) e grandes estruturas industriais abandonadas. As pessoas são simpáticas e prestáveis, mas poucas falam inglês. E há uma nostalgia no ar…


Entrada do mosteiro ortodoxo de Sopocani, na Sérvia

Na sala de jantar do belo Hotel Majestic, em Belgrado, há um grande retrato de Lenine. O jornal do hotel refere que muitos turistas tiram fotografias junto do retrato, e explica que certamente as pessoas o fazem porque admiram as ideias do líder comunista.  Também tiramos umas fotos ao lado de Lenine, embora não explique ao criado que o fazemos porque ele é um ícone, embora totalmente anacrónico nos dias que correm.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Livros e viagens - As Cidades Invisíveis


Qual é a fronteira entre as viagens que fazemos e as que imaginamos? Não há viagens iguais, já sabemos, é o viajante que faz a viagem, refletindo muito de si naquilo que vê. Nós antevemos, planeamos, revemos as viagens que fazemos. Valorizamos umas coisas e desvalorizamos outras, em função dos nossos gostos, das nossas referências culturais, da nossa experiência de vida. refletimo-nos no que vemos e reportamos os nossos reflexos no que observamos.
Italo Calvino, neste livro, parte de conversas imaginárias entre o Imperador Kublai Khan e o viajante veneziano Marco Polo, em que, entre as almofadas de cetim e os rolos de fumo que se evolam dos cachimbos de âmbar, se discute a própria essência do que somos, do que vemos, do que nos rodeia.
Marco Polo descreve ao Khan as cidades do seu império, todas com nome de mulher, cidades que podem ou não existir, porque muitas observações podem aplicar-se a qualquer cidade, a qualquer espaço habitado por humanos. Marco Polo mostra-nos o que vê, como em qualquer viagem. Porque o que é mais relevante, por vezes, não está visível.


Se quiserem acreditar, muito bem. Agora vou contar como é Otávia, cidade teia de aranha. Há um precipício no meio de duas montanhas escarpadas: a cidade está situada sobre o vácuo, ligada aos dois cumes por teleféricos e correntes e passarelas. Caminha-se sobre as travessas de madeira, com cuidado para não meter os pés nos intervalos, ou agarrados às malhas de cânhamo. Por baixo não há nada por centenas e centenas de metros; corre uma ou outra nuvem; entrevê-se mais abaixo o fundo do precipício.
Esta é a base da cidade: uma rede que serve de passagem e de apoio. Tudo o resto, em vez de se elevar por cima, está pendurado por baixo: escadas de corda, camas de rede, tendas suspensas, cabides terraços como barcas odres de água, bicos de gás, espetos, cestos pendurados por cordéis, monta-cargas, duches, trapézios e aros para os jogos, teleféricos, candelabros, vasos com plantas de folhagens pendulares.
Suspensa sobre o abismo, a vida dos habitantes de Otávia é menos incerta que noutras cidades. Sabem que mais do que um certo ponto a rede não aguenta.


Este livro foi editado pela primeira vez em 1972, na altura em que Gabriel Garcia Marquez e Isabel Allende exploravam o realismo mágico na literatura. Italo Calvino reflete essa tendência. Na minha modesta opinião, uma obra-prima da literatura de viagens... imaginárias.





quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Auschewitz - A indústria da morte

A entrada do campo de Auschetwitz 1, com a sua célebre frase Arbeit Macht Frei.
Neste ano em que se comemoram os 70 anos da libertação de Auschewitz e do final da 2.ª Guerra Mundial, tive a possibilidade de visitar aquele que é o mais famoso e mais temido campo do complexo concentracionário nazi. 

As torres de vigilância
Na verdade, o campo é um conjunto de três campos com funções diferentes:
- Auschewitz 1 - Campo de concentração.
- Auschewitz 2 - Campo de extermínio.
- Auschewitz 3 - Campo de fornecimento de mão de obra escrava para o complexo industrial próximo.
O terceiro já não existe, mas os dois primeiros são visitáveis e dão-nos uma boa ideia do inimaginável.

Cercas eletrificadas
O campo de concentração de Auschewitz é hoje um alargado espaço museológico. Tendo mantido muitas das suas estruturas, ainda é possível visitar os barracões, as salas de interrogatório e as celas de detenção, a zona da forca e a parede de execução, o edifício das experiências médicas. 

O muro de execução

Em muitos desses espaços, há cartazes, fotografias, desenhos, que explicam e enquadram os horrores que ali se passavam.

Fotografias tiradas pelos Nazis

Há salas e salas cheias com os bens que eram retirados aos prisioneiros: das malas aos sapatos, dos estojos da barba às próteses e membros artificiais. Tudo reutilizável, na ótica nazi!

Próteses e membros artificiais
Há uma sala com toneladas de cabelo de mulher, cabelos loiros, negros, grisalhos, tranças, caracóis... Do outro lado da sala, uma vitrine exibe um rolo de tecido fabricado com este material humano.
Todo o complexo foi cencebido para a mais completa e eficiente extorsão dos milhões de prisioneiros que por ali passaram: eram espoliados dos seus bens, depois era-lhes sugada a força de trabalho, a energia de viver, a personalidade, até lhes ser retirada a própria vida e utilizados todos os componentes do seu corpo. É esta organização industrial da morte o que mais impressiona em Auschewitz.

O único forno crematório que se manteve
Há uma pequena sala de cinema onde é exibido, regularmente, o filme que os soldados soviéticos rodaram à sua chegada ao campo. É importante vê-lo, para que não seja possível negar o que ali acontecia.

Um dos vagões de transporte de prisioneiros
O campo 2, Auschewitz-Birkenau, era o maior dos campos de extermínio. Ao contrário do campo 1, pouco aí resta: dos barracões só restam algumas estruturas, as câmaras de gás foram parcialmente destruídas, assim como os fornos crematórios. 

O que resta das câmaras de gás de Birkenau
Mas resta a linha do comboio. Quando passamos pela temível entrada do campo e nos colocamos no final da linha do comboio, nas mesmas plataformas que vimos nas fotografias de Auschewitz 1, cheias de gente cansada e desorientada, onde um médico brinca de Deus, selecionando os que vão morrer já, dos que vão sobreviver mais algum tempo... assalta-nos uma terrível angústia, misturada com a eterna questão: como foi possível?

A entrada do campo de Birkenau
Uma visita a Auschewitz mergulha-nos na possibilidade do inferno na terra. Há sempre qualquer aspeto que nos nos marca, como uma bofetada na nossa humanidade. E cria-nos um sentimento de urgência: aquilo nunca mais pode ser possível!


Placa memorial escrita em ladino, a lingua dos judeus sefarditas de origem portuguesa.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Cracóvia Judaica - Nos passos de Schindler


Memorial aos judeus de Cracóvia, no centro do bairro de Kazimierz

Na Cracóvia dos anos 30, viviam cerca de 55 mil judeus. Era uma comunidade pujante, numerosa e próspera. Viviam maioritariamente no velho bairro de Kazimierz, fundado pelo rei polaco Casimiro I no séc. XIV para alojar os judeus da cidade. No bairro havia sete sinagogas, escolas e escritórios, armazéns, uma associação desportiva.Aí se situava também o cemitério judaico, junto à velha sinagoga Remuh.


Entrada da sinagoga Remuh


Lápides no antigo cemitério judaico

Hoje, sobram duzentos judeus na cidade, se tanto! O filme "A lista de Schindler", de Spielberg, sobejamente conhecido, mostra-nos esse processo gradual de exclusão, perseguição e morte. Fomos explorar a cidade e os arredores, procurando seguir os passos de Schindler e dos judeus da sua lista.


A sinagoga Temple, ainda em funcionamento



O interior da sinagoga Temple
Começamos pelo bairro judeu. Já mencionei que aí existiam sete sinagogas. Dessas, duas continuam a funcionar como locais de culto, por isso, tivemos de esperar pelo final do "shabat" para as podermos visitar. Das outras, a sinagoga Stara é a maior. Situada no coração do bairro, na Rua Szeroka (Rua Larga), funciona hoje como um espaço museológico, que dá a conhecer as tradições e os rituais do Judaísmo. Das festas de iniciação aos casamentos, aí encontramos objetos, vestuários, fotos e descrições que nos ajudam a perceber a vida da comunidade judaica.


O interior da sinagoga Stara

Ali perto, o moderno Museu dos Judeus da Galícia mostra-nos a história das comunidades de judeus da região sul da Polónia, a Galícia. Era nesta região que se concentravam cerca de 70% dos judeus europeus. Tradicionalmente tolerante, fora acolhendo, ao longo do tempo, comunidades expulsas de outras zonas da Europa de Leste. As fotografias seguem o seu percurso, desde as alegres reuniões familiares aos campos de extermínio.

Entrada do Museu dos Judeus da Galícia


Foto escolar, antes da guerra

Com a invasão e ocupação nazi da Polónia, dá-se a ruína desta cultura. Quem já viu o filme "A lista de Schindler" não esquece a história. Agora, vamos ver os lugares onde os acontecimentos aí retratados se deram.

Um troço do muro que rodeava o gueto

O gueto de Cracóvia fica a sul do rio que banha a cidade, o Vístula. Situa-se junto à zona industrial, o que era conveniente, já que os nazis se apoderaram das fábricas e utilizavam os habitantes do gueto como mão de obra forçada e gratuita. Hoje, resta apenas um troço do muro que delimitava o gueto, mas as fotografias da época permitem-nos reconhecer ruas e prédios, assim como a ponte de ferro por onde os judeus são levados. Na praça central, onde se faziam as chamadas e concentrações, alinham-se hoje cadeiras vazias, numa alusão à ausência e à deportação dos que ali foram reunidos.


As cadeiras vazias dos que daqui foram deportados

Ainda dentro do gueto, pode-se visitar a antiga Farmácia Águia, pertencente ao farmacêutico polaco Tadeusz Pankiewicz, único não-judeu a quem foi permitida a permanência dentro do gueto. Durante o tempo da ocupação, a farmácia serviu como local de reunião e de passagem de informações e comida entre o interior e o exterior do gueto.

Interior da farmácia Aguia, hoje um pequeno museu.

Perto dali, encontra-se a fábrica que o nazi Oskar Schindler ocupou. Atualmente, está dividida em dois espaços: num, funciona o Museu de Arte Contemporânea de Cracóvia; no outro, o Museu da Ocupação Nazi. É este que agora nos interessa. 


O portão de entrada da fábrica (ainda o original)

O Museu é muito interessante, porque nos faz percorrer um caminho onde, através de documentos e depoimentos diversos, nos é contada toda a história. Ouvem-se as sirenes de aviso dos bombardeamentos. Entramos nas casas sobrelotadas do gueto. Acompanhamos as deportações. Visitamos o escritório de Schindler e percebemos o esforço para salvar os "seus judeus". E lá estão expostas, também, as fotos dos que faziam parte da famosa lista e graças a ela se salvaram.


Footografia da entrada do gueto, onde se vê um troço do muro, que ainda resta



Parte das fotografias dos que foram salvos por Schindler

Os que viram o filme, recordam-se com certeza da relação que se estabelece com o chefe do Campo de Concentração próximo, o demente Amon Goth. Esse campo, Plaszow, é visitável. 


Entrada do Campo de Plaszow

Hoje, já pouco resta, apenas campo aberto onde antes se situavam os barracões dos prisioneiros. Pode-se, no entanto, encontrar a casa onde o diretor do campo vivia, com a sua macabra varanda, assim como a casa cinzenta das SS. Os memoriais não nos deixam esquecer o sofrimento dos que ali passaram.



Pequeno memorial na colina onde se faziam as execuções


O grande memorial Corações Rasgados

A grande maioria dos judeus de Cracóvia acabou em Auschewitz. O enorme complexo de trabalho escravo, extorção e extermínio fica a cerca de 60 quilómetros e há muitas visitas organizadas. Pela dimensão desta verdadeira "indústria da morte", a descrição de Auschewitz extravasa os objetivos deste pequeno roteiro, mas é um lugar de peregrinação, acima de tudo. É preciso ir lá para perceber até onde pode ir o desprezo pela condição humana. E para não permitir que se repita.


Entrada do Campo de Concentração de Auschewitz

Hoje, a Rua Szeroka continua a ser o coração do bairro judeu de Cracóvia. Os polacos tentam recuperar e honrar as tradições judaicas, que também são parte da sua própria cultura e da sua história. O bairro de Kazimierz está cheio de bares e restaurantes judaicos. Há muitos jovens e turistas sentados em esplanadas nas velhas ruas que Spielberg filmou. 


Esplanadas no velho bairro judeu

Há concertos de música klezmer e exposições variadas. O velho bairro fervilha de vida. Provavelmente, é a melhor forma de honrar os judeus que ali tanto sofreram e que a barbárie nazi tentou apagar da face da terra.



Restaurante judaico na rua Szeroka

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Canções e Viagens - Janusz Muniak


A música, como qualquer outra expressão cultural, integra-se num determinado contexto histórico, que nos permite compreendê-la melhor.  Sem a ocupação soviética, não era provável que o jazz polaco atingisse uma dimensão tão significativa.
O jazz foi banido da Polónia por Stalin, como expressão do decadente capitalismo ocidental, mas isso só encorajou o desenvolvimento do jazz polaco, que se fortaleceu nas caves underground, juntamente com o anseio por um mundo livre.
Hoje, Cracóvia tem um famoso festival de jazz e há cerca de 200 clubes e cafés na cidade velha, onde se pode ouvir jazz! O mais conhecido é o U Muniaka Jazz Club, cujo nome é uma homenagem a esse grande músico que é Janusz Muniak. Aqui está ele...


domingo, 19 de julho de 2015

Grátis em Paris II


O Museu do Louvre visto do Museu do Quai d'Orsay

Paris tem muitas facetas, há sempre alguma coisa interessante para descobrir. Até nos cemitérios... O principal cemitério de Paris é o Père Lachaise. Vale a pena passear por lá e encontrar os túmulos de tanta gente conhecida, desde escritores a compositores e cantores famosos. Há um roteiro, que pode ser pedido na entrada, que nos ajuda a encontrar o que queremos, no meio das áleas frondosas, dos memoriais e dos túmulos grandiosos ou humildes. 


No Mercado das Flores

Mais antigo, datando do século I, o antigo anfiteatro romano de Lutécia, Arènes de Lutece, foi descoberto quando se faziam umas obras no Quartier Latin. Hoje já não se fazem aí lutas de gladiadores, mas joga-se a petanque e vale a pena passar por lá, sentar nas bancadas e apreciar este jogo tão francês. A entrada é livre.
Mas não se pode pensar em Paris sem pensar nos seus museus. Também aqui há algumas ofertas para aproveitar. Há alguns museus cujas coleções permanentes são de entrada gratuita, pagando apenas para entrar nas exposições temporárias. É o caso do Musée Carnavalet, que nos leva a um percurso pela história de Paris, ou do Musée d'Art Moderne de la ville de Paris, cujas coleções incluem alguns dos mais importantes nomes das belas artes contemporâneas.


As esculturas da fachada de Notre Dame

O Centro Georges Pompidou, e Les Halles, é incontornável numa visita a Paris. Ainda mais porque a visita ao Atelier Brancusi, uma reconstituição do atelier do célebre escultor, que inclui muitas das suas obras, doadas pelo próprio artista ao estado francês, é completamente gratuita


Nas margens do Sena

No primeiro domingo de cada mês, há entrada livre na maioria dos museus da região parisiense. Começando no Museu do Louvre, passando pelo Musée Rodin, pela Sainte Chapelle, pela Conciergerie, terminando no Palácio de Versalhes, há que ter paciência para enfrentar as longas de filas de visitantes que também querem aproveitar a borla... Mas, em alguns destes locais, é possível comprar o bilhete antecipadamente pela internet, ultrapassando assim as filas!


Nas margens do Sena

Por fim, se vive na União Europeia e tem menos de 25 anos, esqueça tudo o que acabei de escrever. A entrada é mesmo livre na maioria dos museus e locais culturais de Paris, em qualquer dia da semana. Por isso, aproveite bem, enquanto é tempo!...


Sob a Torre Eiffel

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Grátis em Paris I


Paris e o Sena
Ficou célebre a frase de Audrey Hepburn: Paris is always a good idea...
É, realmente, uma cidade fascinante, com muita coisa para usufruir e oferta cultural para todos os gostos e para todas as bolsas. São muitas as atrações que se podem admirar e os locais que se podem apreciar, a custo zero. Vou deixar aqui algumas sugestões, que permitem passar uns dias em Paris com um orçamento económico, mas apreciando todo o ambiente da cidade.
Para começar, a Torre Eiffel. É, provavelmente, o monumento mais conhecido de Paris mas, com sinceridade, é mais interessante apreciá-lo de fora do que subir ao topo - o que, para mais, fica caro e nos obriga a perder imenso tempo na fila. Não há vista da Torre Eiffel que se compare à que se pode obter do terraço do Palácio de Chaillot ou do Trocadero. Em alternativa, prepare um piquenique e estenda-se no relvado do Campo de Marte, à espera do anoitecer e das luzes que cintilam na Torre de hora a hora. Se a ideia é ter uma vista panorâmica de Paris, é preferível subir até Montmartre e ver a paisagem a partir do Sacré-Coeur. Para completar, pode visitar a Basílica do Sacré-Coeur, a entrada é gratuita.

Tocando concertina frente ao Sacré-Coeur
Outro ícone de Paris é o Arco do Triunfo. Não vale a pena subir ao topo do arco, tudo o que é interessante está cá em baixo: as esculturas e baixos-relevos que lembram as vitórias de Napoleão, o túmulo do Soldado Desconhecido, as exposições temporárias nas galerias de acesso.

O Túmulo do Soldado Desconhecido
 Depois, é imprescindível descer os Campos Elíseos, apreciar as lojas e os cafés, dar a volta à Praça da Concórdia, passear pelas Tulherias, alimentar os passarinhos. É tudo gratuito. 

Nos Campos Elíseos
A Catedral de Notre-Dame também é de entrada livre e é imperdível, ou não fosse um dos expoentes da arte gótica. Também vale a pena rodeá-la e olhá-la da margem esquerda do rio Sena, para apreciar os pináculos, arcobotantes e contrafortes que não se podem ver do interior. Por falar no rio, o coração de Paris é o rio Sena. Não se pode deixar de calcorrear as suas margens, atravessar as pontes, parar nos vendedores de gravuras e livros antigos. Os namorados costumavam deixar cadeados com os seus nomes presos nas pontes do Sena. O peso obrigou à sua retirada, mas Paris não ficou menos romântico por causa disso!

Notre Dame de Paris vista da margem esquerda do Sena
Como qualquer cidade, Paris é para ser caminhada. Sem pressas. Apreciando as praças e boulevards, da Place des Vosges à modernidade da Défense. Apreciando as pontes e os cais do Sena. Apreciando os jardins, dos Jardins du Luxembourg à originalidade da Promenade Plantée. Porque, felizmente, caminhar pela rua ainda é completamente gratuito...

No Jardim das Tulherias