terça-feira, 27 de abril de 2010

Mérida Romana

Não é necessário ir a Roma para ver os vestígios do Império Romano. Aqui perto de nós, na Estremadura espanhola, a cidade de Mérida mostra-nos na perfeição como era a vida numa cidade romana.

(O Teatro Romano de Mérida)

A cidade de Emerita Augusta foi fundada pelo imperador Augusto em 25 a.C., e tornou-se a capital da província mais ocidental do Império, a Lusitânia. Era uma cidade importante, no cruzamento de eixos viários que dinamizavam a região, com uma vida económica e cultural de grande vigor.
O que a torna extraordinária é que os seus muitos monumentos romanos se encontram ainda razoavelmente conservados, permitindo-nos recuar na História, enquanto percorremos a cidade.

(O Templo de Diana)

O monumento mais notável é, sem dúvida, o Teatro Romano. É um dos mais bem preservados do mundo e ainda ali se fazem festivais dramáticos, no Verão. O Teatro está incluído num conjunto mais vasto, de que fazem parte um anfiteatro, jardins, zonas de circulação. Podemos passear por entre os arcos e colunas, sentir como pulsava a vida naqueles tempos, ver pormenores engraçados (que não se encontram facilmente noutros sítios históricos, menos bem conservados), como as latrinas onde os espectadores se iam aliviar nos intervalos dos espectáculos. Tão modernos, os antigos romanos!

(A Deusa Ceres preside às festividades)

No estádio, onde se faziam as corridas de bigas e quadrigas, está aberto ao público um Centro de Interpretação, com toda a explicação do sítio e da sua envolvente histórica, e filmes de reconstituição das corridas que ali se disputavam e do ambiente que então se vivia.
Há ruínas e vestígios de várias casas e villas romanas, mas as duas mais bem conservadas são a Casa del Anfiteatro e a Casa del Mithraeo, onde se podem ainda observar os frescos, os pavimentos de mosaicos e os sistemas subterrâneos de aquecimento.

(Pavimento de mosaico)

Toda a cidade romana era abastecida de água por um magnífico aqueduto, com três andares de arcos, em granito e tijolo. É o aqueduto de Los Milagros, e pode ser visto a partir da estrada de Cáceres.

(O Aqueduto de Los Milagros)

A não perder também é o Museu Nacional de Arte Romano, concebido pelo arquitecto Rafael Moneo. Construído em tijolo vermelho, a fazer lembrar o tipo de tijolo utilizado pelos romanos, os arcos do salão principal têm a altura do aqueduto de Los Milagros. Nas várias galerias, podemos apreciar esculturas, peças de cerâmica, painéis de mosaicos, colecções de vidros e moedas.

(As magníficas colunas de mármore do Teatro)

Todo este espaço está muito bem conservado e explicado ao público. Gerido por uma fundação privada, pode-se comprar um bilhete para um único monumento ou um bilhete que engloba todos os monumentos do centro histórico. Há zonas comerciais e zonas de restauração. É um exemplo de como se deve fazer a preservação e, ao mesmo tempo, o aproveitamento turístico de um local com uma tão grande história.

(Fotografias, digitalizadas, de Teresa e Fernando Ferreira) 

domingo, 11 de abril de 2010

Volta ao Mundo em 80 segundos

Júlio Verne escreveu esse maravilhoso clássico, chamado "A Volta ao Mundo em 80 Dias". Com a aceleração típica da nossa época, este jovem realizador mostra-nos o Mundo em oitenta segundos. As imagens levam-nos de Inglaterra ao Egipto, à India, à China, aos Estados Unidos. É uma volta ao mundo diferente, rápida, captando só o essencial, ou talvez nem isso. É a imagem possível do Mundo em oitenta segundos.



terça-feira, 6 de abril de 2010

Restos do Império II

Os dois vestígios mais impressionantes do passado imperial de Roma são o Arco de Constantino e o Coliseu. Reproduzidos até à exaustão em postais, calendários e filmes promocionais, parece que não poderiam oferecer-nos mais nada. No entanto, não é assim.



O Coliseu, mesmo desprovido dos mármores que o ornamentavam nos seus tempos áureos, é um monumento impressionante. Em primeiro lugar, pelo seu tamanho. Tinha espaço para 50.000 espectadores sentados, além do largo palanque onde o imperador e os altos dignatários assistiam aos espectáculos, separados da plebe. Largos corredores circundam as bancadas, servidas também por grandes escadarias, onde nos é fácil imaginar uma multidão de gente a entrar e a sair, a vender, a comer guloseimas nos intervalos, a entusiasmar-se com o programa das festas.
Dispostos num espaço ligeiramente ovalado, em três grandes anéis de bancadas, os espectadores assistiam comodamente aos espectáculos que lhes eram oferecidos, espectáculos de sangue e emoção, de que as nossas actuais touradas são ainda herdeiras.



Por baixo da enorme arena, situavam-se os armazéns e as jaulas dos animais. Ainda nos surpreende o engenho com que os romanos organizavam a entrada em cena dos animais. As jaulas funcionavam como elevadores, subidas por roldanas para garantir uma entrada rápida e surpreendente na arena.
Se nos sentarmos durante uns momentos, se ouvirmos com atenção, aquelas pedras têm com certeza muito para contar. É-nos fácil e doloroso imaginar os espectáculos que ali decorreram: animais exóticos em lutas ferozes, leões contra elefantes, tigres contra ursos; mas também as célebres lutas de gladiadores, homens (e até algumas mulheres) treinados para lutar, se necessário até à morte. Sabemos que também aí foram sentenciados criminosos comuns e aí foram chacinados alguns milhares de cristãos, até ao século III. É aflitivo ouvir o que estas pedras nos contam.



O belíssimo Arco de Constantino, que espera o visitante frente ao Coliseu, conta-nos a continuação da história. O imperador Constantino mandou construir este Arco em 315 d. C., para comemorar a sua vitória sobre o seu rival Maxêncio. 




Embora a decoração do monumento seja feita com estátuas, relevos e medalhões retirados de outros monumentos mais antigos, o imperador declarou que a sua vitória se deveu a uma visão de Cristo na Cruz. A mãe, que viria a ser chamada Santa Helena, converteu-se ao cristianismo e o próprio imperador dá liberdade de culto aos Cristãos. 
Estes dois monumentos, que representam momentos diferentes e consecutivos da história da religião que moldou a cidade de Roma, erguem-se lado a lado, na mesma Piazza. Ironias da História.



(Fotografias de Teresa e Fernando Ferreira)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Englishman in New York

Já há algum tempo que não publicava aqui uma canção que, de algum modo, se relacionasse com viagens. Esta música de Sting, além de ser das minhas favoritas de sempre, mostra-nos um sentimento possível em relação a Nova Iorque (também uma das minhas cidades favoritas): se por um lado nos sentimos perfeitamente em casa, sendo europeus sentimo-nos sempre ligeiramente extra-terrestres em relação ao estilo de vida nova-iorquino. 
É sempre um prazer ver e ouvir.