terça-feira, 31 de março de 2015

De mota pelos Pirinéus V - Andorra e Val d'Aran


Os pequenos hotéis de montanha
Tinhamos decidido cruzar outra vez os Pirinéus, para Espanha, em Andorra. Atendendo a que já conheciamos o principado e não estavamos interessados em comprar equipamento de ski ou máquinas fotográficas, não tencionavamos parar muito tempo por lá. Os nossos objetivos, decididamente, estavam longe dos grandes aglomerados turísticos; estavamos virados, isso sim, para a montanha e parecia um bom local para atravessar novamente para Espanha.



Uma rua de Escuñau
O tempo ameaçava chuva, mas já tinhamos apanhado muitos chuviscos e estavamos confiantes de que não seria mais do que isso. Mas, mal começamos outra vez a subir a montanha, a temperatura começou a descer e as nuvens adensaram-se no céu. Em Pas de la Casa já chovia e quando chegamos a Andorra la Vella chovia copiosamente. A chuva, em cima de uma mota, é muito desagradável; pior mesmo só o calor excessivo. Os nossos fatos de água protegiam-nos o corpo, mas as luvas de verão ensoparam-se de água que começou a escorrer pelas mangas e pelos braços. A viseira do capacete, sem limpa pára-brisas, tirava-nos visibilidade. E eu só pensava em parar e abrigar-me!
Parámos, finalmente. Nunca me agradou tanto entrar num centro comercial! Era tudo tão quentinho e confortável! Encontramos um secador de mãos muito potente, numa casa de banho, e aí estivemos a secar a roupa, particularmente as luvas. Almoçamos no centro comercial. Não viamos as montanhas naturais, mas viamos montanhas de gente que passava! Foi o melhor que se conseguiu arranjar!


A Igreja de San Péir - Ço de Péirjoan
Considerada a casa mais antiga do Vale de Aran
A porta medieval do Ço de Peirjoan





















A seguir ao almoço, tinhamos de seguir, com chuva ou sem ela. Felizmente, o temporal amainou e conseguimos cumprir o nosso itinerário. Cruzamos os vales d' Aneu e d'Aran, bordejando o Parc Nacional d'Aiguestortes, com as suas belas e consecutivas estâncias turísticas. No inverno e na primavera, quando toda aquela zona está coberta de neve, são estâncias de ski muito concorridas, como Baqueira e Beret. No verão, os grandes hotéis são muito menos concorridos, mas há hotéis mais pequenos e pitorescos, bares e restaurantes, casas de férias, e o ambiente é igualmente muito agradável. Foi num desses pequenos hotéis do Val d'Aran que pernoitamos, com paredes de pedra e sardinheiras nos balcões.
Estes vales mereciam uma paragem maior. Podiamos bem fazer umas férias só a explorar os trilhos de montanha, os lagos, as paisagens magníficas, as pequenas igrejas medievais... mas havia que seguir viagem!
Do percurso que tinhamos preparado, só falhamos a paragem no Port de la Bondigua, com os seus 2072 metros. Ainda lá passamos, mas o frio e o nevoeiro eram tão intensos que decidimos não parar. Os sacrifícios têm limites! Especialmente em férias...


Quarto com vista sobre a montanha

domingo, 29 de março de 2015

Novidades - O Trilho Internacional dos Apalaches em Portugal

A ideia parece que nasceu nos EUA já nos inícios dos anos 20: ligar grandes cidades com trilhos bem estabelecidos, passando por sítios onde se pudesse observar a natureza, montanhas, vales de rios, quintas. No entanto, este Trilho dos Apalaches só foi inaugurado em 1968, no estado de Nova Iorque, nas Montanhas Apalaches. Hoje, percorre 3.400 Km em três grandes trilhos que passam por catorze estados americanos. Entretanto, criou extensões internacionais, para o Canadá, mas também aqui para a Europa, onde já existe em países como a Espanha e a Irlanda.
Este fim de semana, foi inaugurado o primeiro trilho português, integrado no Trilho Internacional dos Apalaches. Sediado em Oleiros, percorre 38 Km na Serra do Moradal. Além do percurso pedestre, inclui percursos para BTT e uma Via Ferrata associada a uma escola de escalada. 
Parece-me uma aposta bem interessante, associada ao turismo de natureza, mas que valoriza e ao mesmo tempo internacionaliza o património natural e arqueológico da zona.
Mais informações aqui.


sexta-feira, 27 de março de 2015

Livraria Palavra de Viajante

Não é propriamente uma novidade, porque está aberta há três anos e quatro meses. Mas, para mim, foi mesmo uma novidade. Andava à procura de um mapa de uma zona da Europa menos turística, e alguém me recomendou esta livraria. Para quem gosta de livros e de viagens, é uma espécie de paraíso. 
O espaço não é grande, mas é acolhedor. As estantes dividem os livros por continentes e a escolha é variada. Há mapas, muitos. Há guias de viagens e livros sobre os locais, em português, francês, inglês e espanhol, porque sabemos que há uma imensidade de obras interessantes que não são traduzidas. Também há romances, daqueles que nos transportam para os sítios e nos dão vontade de lá ir. Ou que nos permitem viajar sem sair do sofá.
No fundo da livraria há um Café do Viajante, que serve almoços, e onde de vez em quando há Tertúlias e apresentações de livros.
Vale mesmo a pena ir até lá. Afinal, é a única livraria de Lisboa especializada em viagens e literatura de viagens. Fica na Rua de São Bento, 30.

Livraria Palavra de Viajante
Imagem roubada daqui

quarta-feira, 25 de março de 2015

De mota pelos Pirinéus IV - Os Cavalos Merens

Os cavalos Merens
O Haras Picard du Saint fica no extremo de uma pequena aldeia, aninhada na paisagem ondulante das colinas de Ariège. Na prática, são duas ruas, uma bifurcação, um café. Um cemitério onde avultam os memoriais aos mortos da Primeira Guerra e aos resistentes da Segunda. Uma dúzia de casas, com os seus jardinzinhos e as garagens ocupadas por tratores e utensílios agrícolas. Não é fácil descobrir a quinta, a casa não difere muito das restantes, mas lá nos indicam o local.

À entrada da coudelaria
Parece não estar ninguém. Não há resposta para os toques de campainha. Resolvemos telefonar para o dono da quinta que nos põe à vontade: "Empurrem o portão, entrem, a casa não está trancada!" Insiste para levarmos as bagagens para dentro, dá-nos o nome do quarto (aqui, os quartos não têm números, têm nomes próprios!) e diz-nos onde podemos trocar as botas por uns chinelos de andar por casa. É assim o Jean-Louis, informal e descontraído!
Ao fim da tarde, o Jean-Louis e a Christine, os donos da casa, explicam-nos a situação. Nas traseiras da casa, pastam uns quatro ou cinco belos cavalos negros, da raça Merens. São calmos e meigos, deixam-se afagar. Aparentemente, são os mais velhotes, já quase membros da família. A manada está lá em cima, nos pastos de montanha, acompanhada por um pastor daqueles que alia os velhos métodos de busca e contenção às novas tecnologias. Isto é, o pastor anda acompanhado por um cão e um telemóvel! Na noite anterior, a manada tinha-se assustado com um urso que por ali rondava, e o pastor dera pela falta de um cavalo. Agora, procuravam encontrar o cavalo ou, pelo menos, perceber qual faltava! Soubemos depois que o cavalo que faltava era um dos mais jovens que, assustado, caíra por uma ribanceira.

Os cavalos que pastam nas traseiras da casa
A coudelaria Picard du Saint cria e leva a concurso os cavalos Merens. Os prémios são muitos e estão expostos, juntamente com muitos objetos que nos remetem para uma antiga casa de lavoura, mas com todos os confortos da atualidade. A cozinha confina com a sala e está recheada de produtos caseiros, dos chás aos bolos, dos doces aos pickles. Infelizmente, levantei-me cheia de dores de estômago e não pude fazer jus aos bons sabores da mesa do pequeno almoço.

A nossa montada no estábulo, junto às placas dos prémios
Tenho de admitir que as dores de estômago foram totalmente da minha responsabilidade, já que me tinha empanturrado de cassoulet de canard no jantar do dia anterior, num restaurante de uma aldeia próxima que o Jean-Louis nos tinha recomendado.
Além de nós, também estava alojada na quinta uma família francesa, com duas crianças. Os nossos anfitriões indicavam-nos de bom grado as atividades interessantes que podiamos fazer nas proximidades. E há muita escolha, desde passeios a cavalo até uma visita ao encantador Castelo de Foix, que também tem atividades para crianças. São com certeza umas férias diferentes, mas igualmente com os seus encantos.


O Castelo de Foix

sexta-feira, 20 de março de 2015

Novidades - Férias a cavalo

Se viajar é sair da nossa zona de conforto e partir à procura de experiências diferentes, então não é preciso ir para muito longe para encontrar propostas bem interessantes. Este ano, a França aposta no cavalo e nos passeios a cavalo. Longe das estradas turísticas e dos locais de renome, a ideia é precisamente ir à procura das velhas rotas e dos locais menos conhecidos. Sempre em grupos, apoiados por guias experientes, mas experimentando a sensação de liberdade da cavalgada. Há propostas muito agradáveis, desde o Vale do Loire até ao Languedoc e Pirinéus. 
Vale a pena espreitar estes sites:

http://www.equiliberte49.fr/loire_a_cheval.htm

http://www.chevauchees-du-sud.com/

Imagem retirada do site La Loire à Cheval

quarta-feira, 18 de março de 2015

De mota pelos Pirinéus III - A rota dos cumes


Para quem anda a passear pelos Pirinéus franceses, é imprescindível fazer a Route des Cols ou, traduzindo, a Rota dos Cumes. A Rota completa cruza toda a cadeia montanhosa dos Pirinéus, do Oceano Atlântico ao Mar Mediterrâneo, subindo a nada menos do que trinta e quatro cumes. Nós não fizemos toda a Rota, mas tirámos um dia para subir a alguns dos cumes mais famosos.



Em Oloron Sainte Marie começamos a percorrer a famosa rota. O dia não estava famoso, ameaçava chuva e, quando começamos a subir a montanha, rodeou-nos um nevoeiro denso como algodão em rama. O nosso objetivo era o famoso Col du Tourmalet, com os seus 2.115 metros de altitude. Lá iamos subindo, no meio do nevoeiro, com a triste certeza de estarmos a perder umas paisagens fantásticas. Mas a altitude salvou-nos. Quando nos aproximavamos do cimo da montanha, passamos para cima das nuvens e pudemos apreciar a paisagem em toda a sua imensa beleza.



O Col du Tourmalet tornou-se famoso através da Volta à França e os primeiros ciclistas a alcançarem o topo tornaram-se verdadeiros heróis. Lá têm os seus nomes escritos na estrada e uma pequena estátua evocativa, hoje quase coberta pelos autocolantes dos clubes de ciclistas e motociclistas de toda a Europa que assim querem afirmar que também conseguiram ali chegar. Mas... será que com o tempo se tornou mais fácil rodar até lá acima? O cume da montanha estava cheio de gente, especialmente ciclistas. Grupos, famílias... Há lojas de recordações e selfies por todo o lado. Também tiramos as nossas fotos e seguimos viagem.



A Route des Cols passa por lugares encantadores e há pequenos restaurantes onde se pode apreciar a gastronomia da região, como o restaurante Les Cîmes, onde comemos truta do rio e uma espécie de guisado de pato, com as ervas e os produtos locais.



Passamos o dia a subir de Col em Col. Col d'Aspin, Col de Peyresourde, Col de Portet d'Aspet. O tempo foi variando entre o sol, o nevoeiro e os chuviscos, mas deixamos de nos preocupar com isso, tal como todas as outras pessoas que encontravamos, em cada topo de montanha, com um sorriso de etapa ultrapassada. No Col d' Aspin, encontramos um ciclista alemão, com uma simpatia equivalente à idade, que parecia já razoavelmente avançada. Disse-nos que estava ali a descansar e, entretanto, dispunha-se a tirar fotografias aos trepadores que ali chegavam. Gostei da disponibilidade.
Após o Col des Ares, viramos as costas à montanha. Tinhamos uma dormida marcada numa quinta de criação dos cavalos da raça Merens. Mas isso já é outra história...


Lamas a subirem ao Col du Tourmalet?



sexta-feira, 13 de março de 2015

Livros e Viagens - Crónicas de uma pequena ilha



Para mim, que gosto de ler e de viajar, há um género de literatura absolutamente irresistível: a literatura de viagens. Passei pelo Bruce Chatwin – Na Patagónia ainda é um dos livros da minha vida – e confesso que o Gonçalo Cadilhe é o meu herói secreto: ele faz o que eu gostaria de fazer na vida, viajar e escrever sobre isso!
Descobri há pouco tempo outro “narrador de viagens” muito agradável. Chama-se Bill Bryson, e é um americano que viveu vários anos na Grã-Bretanha, trabalhando como jornalista. Conhecia Bill Bryson como o autor daBreve História de quase tudo, uma viagem divertida por quase tudo, dentro das ciências. Este livro, Crónica de uma Pequena Ilha, editado pela Bertrand, conta as peripécias de uma viagem que o autor faz pela Grã-Bretanha, incluindo aqui a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales. É um livro encantador, com passagens profundamente cómicas, porque Bill Bryson conhece bem os ingleses e aponta os seus pequenos tiques e idiossincrasias com muito humor. Também é um livro terno, de quem, mesmo olhando de fora, ama aquele país, a sua história, as suas paisagens. O autor não hesita em criticar o que está mal, por exemplo, a destruição de património histórico para construir blocos de escritórios descaracterizados, ou a falta de coordenação dos transportes públicos. Mas também descreve os aspectos simpáticos e atraentes do modo de vida britânico, mesmo quando lhe causam estranheza, com o hábito das caminhadas ou, evidentemente, o humor britânico.
É um livro agradável de ler, especialmente para quem conhece também a Grã-Bretanha. As nossas escolhas de visitas podem não ser as mesmas mas,gostos aparte, é um livro interessante, que nos dá um outro lado, muitas vezes pouco visível, dos ingleses e da sua pequena ilha.

sexta-feira, 6 de março de 2015

De mota pelos Pirinéus II - Betharram


Estrada nos Pirinéus Franceses
Entramos nos Pirinéus franceses pelo Pico de Orhy, procurando fugir às estradas nacionais, mais frequentadas. Queriamos sentir a montanha, perceber como se vive ali, percorrer sem pressa as velhas estradas. Passamos por manadas de vacas e por cavalos que pastavam serenamente nas encostas. O dia estava húmido e a estrada, por vezes, escorregadia. As pequenas cascatas apressavam-se pelos montes abaixo.



No Pico de Orhy
Quando a fome começou a apertar, paramos a mota numa aldeia, onde vimos uma indicação de "Alimentation" escrita na parede. Lá dentro, duas mesas e um balcão de madeira recriavam o ambiente de um episódio do detetive Maigret. E nada para comer... Mais à frente, num bar, lá nos arranjaram umas sandes para enganar a fome. Na televisão, passava um programa local, com informações sobre atividades que iriam decorrer nas redondezas, intercaladas com pequenos apontamentos sobre a língua basca. Passamos o nosso improvisado almoço, muito divertidos, aprendendo palavras e expressões em basco. Infelizmente, não apontei nada e não me lembro de uma palavra.
Regressamos à estrada, no meio de uma vegetação compacta. Aqui, já não há vacas nem cavalos, mas, em contrapartida, deparamos com uma águia, que levantou voo mesmo à nossa frente, olhando para nós, como se nos indicasse o caminho. Pareceu-me um bom prenúncio...
A tarde já vai a meio quando reentramos na estrada principal, que liga Pau a Lourdes. Aí, encontramos à nossa direita o santuário de Betharram. Ofuscado e um pouco esquecido a favor do seu vizinho, o grande Santuário de Lourdes, é, no entanto, um local encantador e cheio de histórias.


O Santuário de Betharram
Conta a lenda que ali se teria dado um milagre: uma rapariguinha, prestes a afogar-se, ter-se-ia salvo pela mão de Nossa Senhora, que lhe teria estendido um ramo a que ela se agarrou, até chegar à margem do rio que por ali corre. Estavamos no século XVII. Mais de oitenta milagres são reportados só durante esse século, sempre por intercessão da Virgem. É então construído o santuário, em estilo barroco, que ainda hoje se pode visitar.


Estátua da rapariga salva pela Virgem
É também dessa época a Via-Crucis, com várias capelas que se espalham pela encosta da montanha. Foram destruídas durante a Revolução Francesa, mas foram depois reconstruídas durante o século XIX.
Em 1837, São Miguel Garicots funda aí a Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. O sarcófago de vidro onde repousa pode ainda ser visto na Capela de São Miguel.


Capela de São Miguel

Quando visitamos o Santuário, estava aí patente uma exposição sobre as perseguições de que os cristãos são vítimas, neste momento, em várias partes do mundo. Todas as manhãs, as televisões passam imagens onde pontuam as atitudes intolerantes e violentas do chamado Estado Islâmico. Infelizmente, o assunto não podia ser mais atual...


Velha ponte sobre o rio em Betharram


terça-feira, 3 de março de 2015

Açores... Feel the Sky

Parece que os Açores estão em grande plano na oferta turística. E bem merecem... Ou bem merecemos nós, que temos aqui ao pé da porta um arquipélago com tanta beleza natural, tão diversificada!
Entre 1 e 5 de julho, acontece o primeiro Festival Internacional de Balões de Ar Quente, na Ribeira Grande, na ilha açoriana de São Miguel. O festival tem o nome sugestivo de Feel the Sky e vai receber cerca de 20 equipas, oriundas dos mais diversos países. 
Eu já andei de balão - na Capadócia, pois claro... - e é uma experiência inesquecível. Acredito que a paisagem dos Açores em nada lhe ficará a dever...

Mais informações em www.facebook.com/festivalbaloesRG

(Foto da Revista Sábado)

segunda-feira, 2 de março de 2015

Novidades - É mais barato viajar para Ponta Delgada

Há boas notícias! A Easy Jet pôs os Açores ao alcance da Europa. Ou vice-versa... Agora é a RyanAir que anuncia o início das ligações com Ponta Delgada para o final de março. Finalmente, já podemos viajar para Ponta Delgada, Açores, pelo mesmo preço de um voo para Paris, Londres ou Barcelona!...

Lagoa das Sete Cidades
(Foto Açores Natureza Viva)