quarta-feira, 25 de março de 2015

De mota pelos Pirinéus IV - Os Cavalos Merens

Os cavalos Merens
O Haras Picard du Saint fica no extremo de uma pequena aldeia, aninhada na paisagem ondulante das colinas de Ariège. Na prática, são duas ruas, uma bifurcação, um café. Um cemitério onde avultam os memoriais aos mortos da Primeira Guerra e aos resistentes da Segunda. Uma dúzia de casas, com os seus jardinzinhos e as garagens ocupadas por tratores e utensílios agrícolas. Não é fácil descobrir a quinta, a casa não difere muito das restantes, mas lá nos indicam o local.

À entrada da coudelaria
Parece não estar ninguém. Não há resposta para os toques de campainha. Resolvemos telefonar para o dono da quinta que nos põe à vontade: "Empurrem o portão, entrem, a casa não está trancada!" Insiste para levarmos as bagagens para dentro, dá-nos o nome do quarto (aqui, os quartos não têm números, têm nomes próprios!) e diz-nos onde podemos trocar as botas por uns chinelos de andar por casa. É assim o Jean-Louis, informal e descontraído!
Ao fim da tarde, o Jean-Louis e a Christine, os donos da casa, explicam-nos a situação. Nas traseiras da casa, pastam uns quatro ou cinco belos cavalos negros, da raça Merens. São calmos e meigos, deixam-se afagar. Aparentemente, são os mais velhotes, já quase membros da família. A manada está lá em cima, nos pastos de montanha, acompanhada por um pastor daqueles que alia os velhos métodos de busca e contenção às novas tecnologias. Isto é, o pastor anda acompanhado por um cão e um telemóvel! Na noite anterior, a manada tinha-se assustado com um urso que por ali rondava, e o pastor dera pela falta de um cavalo. Agora, procuravam encontrar o cavalo ou, pelo menos, perceber qual faltava! Soubemos depois que o cavalo que faltava era um dos mais jovens que, assustado, caíra por uma ribanceira.

Os cavalos que pastam nas traseiras da casa
A coudelaria Picard du Saint cria e leva a concurso os cavalos Merens. Os prémios são muitos e estão expostos, juntamente com muitos objetos que nos remetem para uma antiga casa de lavoura, mas com todos os confortos da atualidade. A cozinha confina com a sala e está recheada de produtos caseiros, dos chás aos bolos, dos doces aos pickles. Infelizmente, levantei-me cheia de dores de estômago e não pude fazer jus aos bons sabores da mesa do pequeno almoço.

A nossa montada no estábulo, junto às placas dos prémios
Tenho de admitir que as dores de estômago foram totalmente da minha responsabilidade, já que me tinha empanturrado de cassoulet de canard no jantar do dia anterior, num restaurante de uma aldeia próxima que o Jean-Louis nos tinha recomendado.
Além de nós, também estava alojada na quinta uma família francesa, com duas crianças. Os nossos anfitriões indicavam-nos de bom grado as atividades interessantes que podiamos fazer nas proximidades. E há muita escolha, desde passeios a cavalo até uma visita ao encantador Castelo de Foix, que também tem atividades para crianças. São com certeza umas férias diferentes, mas igualmente com os seus encantos.


O Castelo de Foix

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