sábado, 18 de maio de 2019

Varsóvia, uma cidade renascida




Telhados de Varsóvia

A primeira impressão que tive de Varsóvia foi a de uma cidade limpa e espaçosa. Grandes avenidas cruzam-se, perpendiculares entre si, ladeadas por edifícios monolíticos e regulares, herdados da era comunista. O nosso hotel também vem dessa época: uma recuperação cuidada de um bloco monolítico, em plena Praça da Constituição, a grande praça destinada às manifestações e desfiles militares.


A Praça da Constituição

O vestígio mais marcante da época comunista é o Palácio da Ciência e da Cultura, um edifício enorme oferecido por Estaline ao povo polaco. Dizem as más-línguas que é uma cópia do Empire State Building… Mas, enfim, é bonito e imponente!


O Palácio da Ciência e da Cultura

A parte mais interessante de Varsóvia é, sem dúvida, Stare Miasto, a Cidade Antiga, agora património da UNESCO. Pode-se entrar na Cidade Antiga pelo lado das muralhas, o Barbican, ou pela Praça Zamkowy. 


Entrada na Cidade Velha, pelo Barbican

A Praça Zamkowy, com o Palácio Real

Na verdade, é apenas o centro da velha cidade de Varsóvia. Se houve cidade martirizada na 2.ª Guerra Mundial, foi sem dúvida esta. A ocupação nazi, os confrontos quando da insurreição do gueto e depois, quando do levantamento da população de Varsóvia contra a ocupação, a ocupação do exército vermelho, não deixaram pedra sobre pedra. No final da guerra, Varsóvia era uma cidade devastada. Pacientemente, a cidade foi reconstruída. Recolheram-se fotografias antigas, postais, gravuras, e reconstitui-se o centro histórico.


Um cantor de rua na Praça Zamkowy

Uma das casas da Cidade Velha

Hoje, estamos sentados numa esplanada da Praça Zamkowy, olhamos à volta e vemos uma cidade antiga, mas construída nos anos 50 e 60 do século XX. E como é bonita: as igrejas com as suas torres, as casas com as frontarias pintadas e as tabuletas em latão, o Barbican com as suas muralhas e torres em tijolo, o Palácio Real, a coluna com a estátua do velho Rei Segismundo…


O Barbican

Um dos melhores restaurantes de Varsóvia
Esta coluna é o meeting point de Varsóvia. Há uma lenda que diz que, quando o Rei Segismundo parte a espada, a Polónia está em perigo. Efetivamente, durante a guerra, a coluna foi atingida por um tiro de artilharia e partiu-se em pedaços. O rei salvou-se mas a espada partiu-se. Os polacos apressaram-se a recuperar a estátua e hoje o rei Segismundo recuperou o seu lugar, no cimo de uma nova coluna de mármore, empunhando como sempre a sua espada. A velha coluna jaz junto ao Palácio Real, partida em três pedaços.


O Rei Segismundo na sua coluna

Tal como a estátua do rei, toda a Cidade Antiga me dá uma estranha sensação de encenação, mas também de um povo que, contra ventos e marés, luta para recuperar e preservar os seus símbolos e a sua identidade.


O Papa João Paulo II está em todo o lado

A propósito de símbolos, o de Varsóvia é uma sereia empunhando um escudo e uma espada. Encontra-se por todo o lado, em versões mais femininas ou mais viris. Há várias lendas à volta desta sereia, mas a mais consensual conta que seriam duas irmãs gémeas que vieram do Norte; no Mar Báltico separaram-se, uma foi para Copenhaga, a outra desceu o rio Vístula e foi apanhada em Varsóvia nas redes de um pescador que se apaixonou por ela. Dá-me ideia que esta era mais aguerrida do que a mana dinamarquesa e jurou ser a defensora da cidade. Daí o escudo e a espada.


A sereia de Varsóvia
Há muitos parques e espaços verdes em Varsóvia. O Parque da Saxónia (em polaco Ogród Saski) é o parque público mais antigo da cidade. Foi destruído e recuperado várias vezes ao longo da História e hoje é um espaço muito agradável para passear em pleno centro da cidade, perto do Palácio da Cultura. Ao fundo do parque, encontra-se o memorial ao soldado desconhecido, um pequeno espaço com uma grande dignidade.


O túmulo do soldado desconhecido

O maior parque da cidade, no entanto, é o Parque Łazienki, situado na avenida que liga o Palácio Real ao Palácio Wilanów, a sul. São oitenta hectares de espaços verdes e áleas bucólicas, cruzados por dois lagos. O chamado Palácio da Ilha pode ser visitado (e a visita é paga) mas a entrada no parque é livre e é um espaço magnífico, onde apetece passear ou simplesmente sentar na relva a ler um livro. O Palácio Belvedere está transformado num restaurante. Tem um original Relógio de Sol e um templo grego de imitação. Mas o monumento mais célebre do parque é a grande estátua de Chopin, o mais querido dos nativos de Varsóvia. No verão, realizam-se concertos no relvado próximo. Enquanto esperamos pelo verão, podemos sentar-nos num banco de jardim, carregar num botão e ouvir um pouco de uma composição do grande compositor. Diz-se que Chopin retratou como ninguém a alma polaca…


A original estátua de Chopin

O antigo palácio, junto a um dos lagos

O relógio de sol do Parque 

A cidade nova de Varsóvia está cheia de altos prédios em construção, de arquiteturas arrojadas, que cortam as linhas monótonas das construções soviéticas. É uma cidade que preserva o passado, mas caminha decididamente para o futuro.


Gostei de Varsóvia...


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