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Kutná Hora, uma boa descoberta |
Quando hoje descemos do pequeno comboio regional que serve a
também pequena cidade checa de Kutná Hora, é difícil imaginar que estamos a
chegar àquela que já foi a segunda cidade mais importante da Boémia, onde se
extraía a prata que circulava por toda a Europa. Estavamos no século XIII
quando se descobriu o filão de prata que enriqueceu o rei da Boémia. A moeda
que ali se cunhava tinha o nome de taller, que veio a originar a palavra
dólar que todos bem conhecemos... Parece que no século XIV ali se extraíam seis
a sete toneladas de prata anualmente. No século XVI, a prata começou a
escassear e a cidade também começou a perder a sua importância. No entanto,
mantém muitos vestígios da imponência de antigamente, suficientes para tornar
uma visita a Kutná Hora um passeio cheio de descobertas fascinantes.
Edifícios na zona central de Kutná Hora
A estação dos caminhos de ferro já viu melhores dias. Acumulam-se aí velhos comboios, alguns ainda do tempo da 2.ª Guerra Mundial, sem sombra de dúvida...
É preciso subir para o centro histórico. Durante a
subida, vamos apreciando os edifícios que viram as suas fachadas com frescos
serem recuperadas nos últimos anos. Encontramos cartazes que exibem o antes e o
depois e percebemos que a decadência da cidade se tinha arrastado pelos anos,
até à década de 1990. Também vamos encontrando restaurantes com bom aspeto e
que prometem comida tradicional, e vamos já marcando um ou outro para pararmos
no regresso...Velhas carruagens...
Há muitos edifícios com frescos nas fachadas
A belíssima Catedral de Santa Bárbara Os frescos com a representação da cunhagem das moedas
A meio da igreja, uma estátua de madeira policromada retrata
um mineiro, vestido com uma túnica branca e ostentando os símbolos do seu
trabalho, uma lanterna e uma ferramenta chamada stajgra. Parece-me uma
bela homenagem aos mineiros que fizeram a riqueza da cidade.
A estátua do mineiro Altares laterais da Catedral
O exterior é muito original: os três campanários da igreja
fazem lembrar grandes tendas erguidas acima da floresta de pináculos góticos
que a rodeiam. Infelizmente, não consegui tirar uma fotografia do conjunto, já
que o acesso é feito pela rua que ladeia o vale e que é tão surpreendente que
quase ofusca a vista da catedral. Chama-se rua Barborská e é uma rua pedonal
rodeada de estátuas, a fazer lembrar a célebre Ponte Carlos, em Praga. Os reis
e santos sucedem-se, numa rua que é quase um balcão sobre o vale, do qual se
obtêm vistas magníficas.
A Rua Barborská Outra perspetiva da Rua Barborská
A cunhagem das moedas de prata era feita no chamado Pátio
Italiano, em referência ao facto de terem sido chamados artesãos florentinos
para o trabalho da cunhagem. Aí funciona agora a Câmara Municipal. Ao lado, existe um Museu da Mineração, que inclui uma visita
a uma mina medieval. Deve ser muito interessante, porém, há que fazer opções e
já não tive tempo de fazer essa visita.Vista sobre o vale a partir da Rua Barborská
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Câmara Municipal de Kutná Hora, com a estátua de Masaryk (primeiro presidente da República Checa) |
Coluna junto ao cemitério de Sedlec Entrada do Ossuário de Sedlec
Mas vale a pena: o ossuário da
Igreja juntou, ao longo dos séculos, os ossos de cerca de 60 000 pessoas.
Sob o lema Memento Mori – Lembra-te de que morrerás – os ossos foram
sendo reunidos de forma artística, de modo a formarem figuras e símbolos
cristãos. É um local verdadeiramente extraordinário. A partir do arco de
entrada, as fotografias são estritamente proibidas, pelo que as imagens abaixo
são fotografias de postais que comprei no local.
Hoje, todo o conjunto monumental de Kutná Hora foi declarado Património da Humanidade, protegido pela UNESCO.
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