sábado, 14 de setembro de 2019

Crónicas de uma viagem a Itália - O dia do Palio em Siena

A festa do Palio: cores e tradição


É sexta-feira, dia 16 de agosto de 2019, e hoje corre-se o Palio em Siena. É uma festa com raízes medievais, que opõe os diversos bairros da cidade. Cada bairro tem os seus símbolos, o seu santo padroeiro, as suas cores.

Há bandeiras em todas as ruas
Quando começamos a aproximar-nos da cidade, começamos também a sentir os ecos da festa: vai surgindo muita gente,velhos e novos, com os típicos lenços ao pescoço, cada um com as cores do seu bairro.
Entramos em Siena pela Porta della Camolia. Por todo o lado se vêem grupos com as cores do bairro da Camolia, azul, branco e vermelho. É o bairro mais recente e dizem que é o mais rico. O azul, o branco e o vermelho estão por todo o lado, nas janelas embandeiradas, nos candeeiros das ruas, assim como o porco-espinho, o animal que simboliza o bairro. 

O ouriço-caixeiro está presente nos locais mais inesperados

Vamos percorrendo as ruas e vamo-nos apercebendo da passagem dos bairros pelas cores das bandeiras que enfeitam as portas e as janelas.
Hoje, não há risos nem conversas descontraídas de verão à volta das mesas das esplanadas. Sente-se uma efervescência, uma azáfama; é dia do Palio.

A Piazza di Campo começa a encher-se de gente

A grande Piazza di Campo, com o seu original formato de concha, dominada pela grande torre comunal, começa a encher-se de gente. As bancadas, a toda a volta da praça, já estão montadas, assim como as tribunas e as grandes portas de madeira que irão fechar o espaço. A pista onde os cavalos irão correr, hoje, ao fim da tarde, já está coberta de terra bem batida. Os cavalos, por agora, estão a ser preparados e abençoados nas capelas dos bairros.

Armam-se as bancadas...

... e preparam-se os cavalos.

O acesso ao grande espaço central da praça é gratuito, mas sem acesso a casas-de-banho a partir do encerramento da praça, cerca das 16h30. Não é para mim! As bancadas têm acesso a casas-de-banho e um preço que oscila entre os 200 e os 400 euros. Também não é para mim!...

As tribunas estão prontas

Os carros que vão participar no desfile aproximam-se dos portões de madeira

A partir da hora do almoço, a azáfama torna-se mais intensa. Os membros das confrarias montam os carros e estandartes que irão integrar o cortejo. E, gradualmente, as ruas que vão da Piazza del Duomo à Piazza dei Banchi enchem-se com os cortejos dos vários bairros.

Piazza dei Banchi, onde se situa o Monte dei Paschi di Siena,
o mais antigo banco do mundo ainda em atividade

É um festival de cores e sons, conjugado com um mergulho no passado. À frente de cada contrada desfilam os pagens e escudeiros. Os primeiros tocam os tambores, outros transportam as bandeiras, ou fazem a guarda de honra dos homens de armas, vestidos com brilhantes armaduras.
Os fatos e armas são à moda do século XV, variando nas cores de acordo com as cores do bairro que representam. Cada conjunto é seguido pelos habitantes do bairro, todos com o seu lenço colorido ao pescoço.





A certa altura, o trajeto já é pequeno para tanta gente. As contradas cruzam-se nas ruas; enfrentam-se atirando as bandeiras ao ar e cantando os seus cânticos.
Por agora, o confronto é calmo. Mais logo, na praça, vai estar ao rubro. 



Às 19 horas em ponto, o sino vai tocar e os cavalos que representam as várias contradas vão correr à volta da praça, numa corrida com poucas regras. Os cavaleiros, ou fantini, correm sem selas nem estribos, numa corrida louca, onde as quedas e acidentes são frequentes. Competem por um estandarte religioso, que será transportado para o bairro durante esse ano. Mas o primeiro lugar para onde se dirigirão, em tropel, será para a catedral: homens, mulheres, fantini e o cavalo vencedor, claro está, invadem a catedral para o último episódio de uma festa que tem tanto de sagrado como de profano e que tem raízes ainda mais antigas do que esta magnífica catedral que os acolhe.

A magnífica catedral de Siena, na Piazza del Duomo

Uma jovem adepta da Camolia, levanta orgulhosamente a bandeira da sua contrada

No final, só um bairro irá fazer a festa. Como se lia hoje no jornal Corriere di Siena, na edição especial dedicada ao Palio, para todos os outros bairros começa hoje o inverno.


Nem os cães ficam indiferentes à festa!

2 comentários:

  1. Só fui uma vez a Siena.
    Infelizmente, estava um calor abrasador e pouco mais que a Piazza di Campo vi.
    Mas tenho muita pena, Teresa.

    Um beijo amigo.

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    1. João, claramente está na hora de voltar a Siena!...
      Um grande beijinho

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