sábado, 25 de julho de 2020

Crónicas de uma viagem a Itália - Trento e o Lago de Garda


O lago de Garda junto a Malcesine

A cidade de Trento, nascida junto ao rio Adige, no norte da Itália, é um daqueles lugares fascinantes que parecem estar sempre a meio caminho entre duas realidades, suspensos entre duas culturas. Fez parte do Império Romano, mas também do Sacro Império Germânico e do Império Austro-Húngaro. E se, no final do século XX, a primeira língua já era o italiano, a segunda língua era o alemão.

Uma varanda, no Palazzo Pretorio
Foi sempre olhada como uma espécie de ponte entre o mundo germânico e o mundo latino. E tudo isto ainda se manifesta na cidade, de forma mais evidente ou mais subterrânea, na silhueta dos campanários, nos nomes das ruas e dos estabelecimentos comerciais...


Subida para o Palácio de Buonconsiglio
Junto ao rio, ergue-se um monumento a Dante, o grande poeta da língua italiana. Dizem que foi ali colocado para ajudar a “italianizar” a cidade que, a partir dali, sobe na direção do Palácio de Buonconsiglio, onde muitos combatentes foram mortos por não abdicarem da sua ligação a um desses dois mundos culturais, o alemão ou o latino.


Dante olha a cidade, do topo do seu pedestal

Uma das muitas figuras que ornam o monumento a Dante

O centro da cidade é a Piazza del Duomo, uma grande praça rodeada pela Catedral de São Vigilio, a Torre Cívica, o Museu Diocesano, os Palácios Pretorio e Balduini. No centro da praça, a Fonte de Neptuno proporciona um posto de observação privilegiado sobre aquele conjunto arquitetónico, díspar e irregular mas encantador.


A bela Piazza del Duomo, com a Fonte de Neptuno no centro

A Torre Civica, junto ao Museu Diocesano

As famosas "casas pintadas"

Foi ali, na Catedral de São Vigilio, que decorreu o célebre Concílio de Trento. Ali se procedeu ao debate sobre as ideias protestantes que incendiavam o norte da Europa e ali se procedeu à reforma da Igreja Católica, no século XVI. E não deixa de ser curioso que tenha partido daqui, deste local de cruzamento cultural, um movimento que  exaltou as emoções e mobilizou todos os sentidos humanos na experiência religiosa e que foi tão bem sintetizado na arte barroca.


A catedral de São Vigilio

É hora de jantar. Recomendaram-nos a Cervejaria Forsterbräu, como boa representante da gastronomia local. Ali reinam as cervejas artesanais. Comemos pastéis de queijo e polenta e strudel de maçã. Benvindos ao Tirol!

A entrada da Cervejaria Forsterbräu, um dos restaurantes mais antigos de Trento

A sudoeste da cidade de Trento estende-se o Lago de Garda. É o maior dos lagos alpinos italianos. A parte norte , enquadrada pelas montanhas, é bem mais bonita do que a parte sul do lago, embora aqui se situe uma das localidades mais icónicas, Sirmione.


O Lago de Garda...


... enquadrado pelas montanhas


Há barcos que percorrem o lago durante todo o dia, com intervalos regulares. Ligam Peschiera del Garda, no sul, a Riva del Garda, no topo norte do lago. Pelo caminho, vão parando em várias cidadezinhas das margens do lago, dando oportunidade para as apreciar. São todas pitorescas e deliciosas, Saló, Malcesine, Limone, Bardolino...




Malcesine...

Limone...

Riva del Garda

Aconselho vivamente este passeio pelo lago, é um dia muito bem passado! Nos locais de paragem, há restaurantes e esplanadas, com o cenário sempre idílico do lago.
Parámos para descansar e tomar uma bebida em Gargnano, antes de seguirmos para Brescia, a nossa etapa seguinte. Não me apetecia sair dali, sentia vontade de alugar um quarto num dos pequenos hotéis virados para o lago e ficar ali uma semana inteira, a encher-me de azul e de tranquilidade.


Paragem em Gargnano

Talvez um dia ali volte, quando aplacar esta minha sede de descoberta, quando o meu espírito de saltimbanco se aquietar.


2 comentários:

  1. Obrigada, Tereza, por me fazeres recordar as minhas viagens de autocaravana a esta zona de Itália! Que saudades! 💝🌈

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