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| A Grande Mesquita de Córdova |
Sempre me fascinaram as sobreposições culturais. É como se os sítios fossem a base, o substrato em que vão assentando as sucessivas passagens e obras humanas. De cada época, de cada passagem, ficam vestígios, às vezes apagados, outras vezes assimilados. Em poucos locais se consegue ter essa perceção melhor do que na Grande Mesquita de Córdova.
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| Entrada lateral da mesquita |
Sinto que podia dar uma aula sobre a história da Península Ibérica só tendo como material esta grande mesquita. Cada época aqui deixou a sua marca, cada povo a sua pegada.
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| A cúpula |
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| Pormenor dos tetos |
Entre os séculos X e XII, a mesquita é ampliada, acompanhando o poderio do Islão na Península. São erguidas mais de 800 colunas, que suportam os magníficos arcos onde o mármore, o granito e o jaspe se juntam, criando um efeito visual único.
É construído um magnífico mihrab, ou nicho de orações, que apontava na direção de Meca, e onde se guardava uma cópia dourada do Corão.
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| O Mihrab |
Abre-se um espaçoso pátio, o Patio de los Naranjos, onde os fiéis faziam as suas abluções antes da oração.
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| O Patio de los Naranjos |
Mas a Reconquista cristã avança para sul, expulsando os mouros e substituindo os símbolos de culto. A primeira capela cristã, a Capilla de Villaviciosa, é construída em 1371. Mas o estilo é ainda mudéjar, como nos deixam perceber os seus belíssimos arcos.
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| A Capilla de Villaviciosa |
No século XVI, já toda a Espanha está de novo unificada, sob o reinado dos Reis Católicos. A Grande Mesquita tem agora de ostentar o poder de outra religião. O coração da mesquita é então remodelado, de modo a albergar uma catedral católica, ainda hoje em funcionamento.
A sua riqueza barroca contrasta com o espaço circundante, mas não o ofusca. Pelo contrário, integra-se nele como uma gema preciosa, que não faz esquecer o valor da jóia original. É o testemunho de mais uma etapa nessa história milenar.
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| A catedral barroca dentro da mesquita |
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| Os arcos integrados na catedral |
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| Um púlpito barroco |
Nessa cidade já de si tão especial como testemunho de interculturalidade que é Córdova, o espaço imenso e esmagador da Grande Mesquita mostra-nos como nenhum outro a passagem do tempo, que avança agregando os elementos culturais anteriores e acrescentando-lhes sempre novas camadas e novas leituras da realidade. Saibamos nós lê-los e respeitá-los enquanto tal.
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| Pormenor da porta |
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