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Em Monsaraz, praça do Pelourinho |
Alguns quilómetros depois de Évora,encontra-se uma pérola da arquitetura tradicional alentejana: Monsaraz. Equilibrada no cimo do monte, de cada canto, de cada janela de restaurante, de cada ameia das muralhas, se espreita uma belíssima paisagem sobre os campos alentejanos e o rio Guadiana. Conquistada aos mouros pelo célebre Geraldo sem Pavor, ali os Templários construirem um castelo, ainda muito bem conservado. Inclui uma praça de toiros, antiga e original, em que as bancadas são talhadas nas próprias paredes do castelo. A vila medieval de Monsaraz é encantadora. Com as suas casinhas muito brancas a bordejarem as ruas de xisto, apetece passear por ali sem pressas, a apreciar cada rua e cada recanto.
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Monsaraz |
Muito recente, de 2012, o Museu do Fresco situa-se na Praça do Pelourinho. Pretende orientar para uma rota dos frescos em que a região é rica. Segundo nos foi dito, foi na altura da remodelação do antigo espaço museológico que foi encontrada, oculta por uma parede, a peça mais extraordinária do museu e que, só por si, justifica uma visita: o fresco do Bom e do Mau Juiz. Datado de finais do século XV, mostra o bom juiz que, ao contrário do mau juiz, não se deixa comprar por ofertas ou influências. Isto da corrupção já vem de longe...
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O Fresco do Bom e do Mau Juiz |
Comecei por afirmar que Monsaraz é uma pérola. E é uma jóia por valor próprio, mas também pelos locais extraordinários que se encontram nos arredores e que merecem também uma visita. Os locais de interesse são muitos e variados e os roteiros deverão ser em função dos interesses do próprio viajante. O meu objetivo neste post é sugerir pistas de descoberta, a partir dos locais que a mim própria mais interessaram.
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A albufeira do Alqueva |
A barragem do Alqueva é um destino incontornável. Sendo o maior lago artificial da Europa, proporciona belos passeios de barco. A oferta é variada. Há passeios de apenas meia hora e outros que cruzam a barragem durante várias horas, parando numa das aldeias agora ribeirinhas.
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Barcos de passeio pela barragem |
Também há barcos que se podem alugar para um passeio e há até os famosos barcos-casa, com capacidade para uma família e que proporcionam, sem dúvida, um fim de semana diferente. Os preços também são muito variáveis e convém pesquisar e reservar com alguma antecedência, já que por vezes a procura é elevada. Há vários portos e cais, mas o maior e com oferta mais variada é a marina da Amieira.
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O cais da Amieira |
Estar no Alqueva e não ir à Aldeia da Luz é perder um pouco da alma daquele local. A nova Aldeia da Luz (sim, porque a antiga está submersa pelas águas da barragem) foi construída para realojar os habitantes da outra aldeia, que seria tragada pelas águas.
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As águas do Alqueva, junto à Aldeia da Luz |
Concebida de maneira a manter as características da aldeia original, até a igreja foi construída à semelhança da anterior, sendo alguns materiais e partes da igreja originais. É uma aldeia igual a qualquer outra aldeia alentejana, embora haja uma sombra que paira, ou uma alma que falta.
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A nova (velha) igreja da Aldeia da Luz |
Vale a pena visitar o Museu da Luz, um centro de interpretação situado perto da igreja. Sentada nos bancos modernos da sala climatizada, assistindo ao filme sobre o realojamento dos habitantes, o transporte das suas coisas, a transladação dos seus mortos, o fecho do cemitério, percebi o que falta à nova Aldeia da Luz: falta-lhe história, a presença do tempo passado. É estranho e é palpável.
Para os apreciadores dos prazeres de Baco, aconselha-se uma visita à Herdade do Esporão. Tem um restaurante, mas também se pode optar pela visita às caves e prova de vinhos.
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Na Herdade do Esporão |
De resto, o Enoturismo tem tido uma enorme expansão no Alentejo e a enorme Herdade do Esporão não podia passar ao lado. O espaço de receção está muito bem concebido e tem recantos idílicos para saborear a paisagem alentejana.
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Saborear um vinho, enquanto se saboreia o Alentejo |
Perto de Reguengos de Monsaraz, encontramos uma aldeia chamada São Pedro do Corval. É considerada a capital da olaria alentejana, com cerca de 35 oficinas ainda em funcionamento. Entusiasta que sou da cerâmica típica portuguesa, estava decidida a comprar algumas peças, não muitas, que o espaço não é um bem abundante na mota.
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As reconstituições em barro do museu da Olaria |
Absolutamente imperdível é o Museu da Olaria de S. Pedro do Corval. Foi construído peça a peça pelo jovem dono da olaria "O Patalim", que também é já o representante da terceira geração de oleiros naquela casa. Aí se encontram, em tamanho natural e em barro, todas as fases do trabalho de olaria.
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A reconstituição do trabalho do barro... |
Ilustram-se também os lazeres ou os afazeres do dia a dia. Há um aproveitamento dos antigos utensilios que é feito com muito bom gosto e todo o conjunto é interessante, genuíno e quase enternecedor.
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... e das outras tarefas que lhe estão ligadas. |
Para finalizar este passeio, iniciado no castelo de Monsaraz, proponho outro castelo, o de Mourão. Construído num local que hoje se perde entre os meandros da albufeira do Alqueva, vale bem a subida até às ameias. A paisagem que se avista é lindíssima, entre os lençóis de água e os belos campos alentejanos.
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Imagem da net - O Castelo de Mourão entre os lençóis de água do Alqueva |
E, para comer? Bem, estamos no Alentejo. Entre o borrego e o porco preto, as migas e as encharcadas, a dificuldade está na escolha.
Para terminar, um conselho: este passeio é sempre agradável, mas no pino do verão o calor pode tornar-se desagradável. O tempo ameno permite-nos desfrutar melhor desse verdadeiro festival para os sentidos que é o Alentejo.
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