domingo, 13 de fevereiro de 2022

De mota pelas serras de Almanzor - Valle de los Caídos e Segóvia

 

O aqueduto romano de Segóvia

Começamos o dia com a paragem junto ao El Escorial, o grandioso palácio mandado construir por Filipe II. Rodeamos o enorme quadrilátero, de decoração austera e despojada. Tínhamos já decidido não o visitar. Ambos o tinhamos já visitado e não queríamos perder ali tanto tempo. Em viagem, há que fazer opções!...

El Escorial, um palácio austero

Continuamos pelo Vale dos Caídos, o grande monumento mandado construir pelo General Franco em memória dos soldados nacionalistas que perderam a vida na Guerra Civil de Espanha. 

Entrada da abadia escavada na rocha

A grande esplanada fronteira à abadia

Ambos já ali tinhamos estado também, mas eu estava curiosa àcerca do estado do monumento, fechado na sequência da polémica sobre a localização do túmulo de Franco. Agora reabriu. O funicular está encerrado, pelo que não se pode subir à Santa Cruz.Todas as zonas de apoio ao visitante, à exceção das casas de banho, estão fechadas. 

O funicular está encerrado

Há um ar geral de abandono. Todavia, os turistas continuam a ser muitos. A basílica, com os seus 265 metros de comprimento escavados na rocha, os seus enormes arcanjos armados e as figuras de encapuçados sem rosto que flanqueiam a nave, continuam a ser impressionantes. O túmulo de Franco foi removido, mas a placa de inauguração da basílica, datada de 1959, continua afixada na parede, fazendo a apologia do ditador e do significado do monumento! E o túmulo de José António Primo de Rivera, o antecessor de Franco, o criador da Falange, continua no altar-mor, coberto de flores frescas...

Sobre a abadia, a Santa Cruz

Rumamos a Segóvia. Tinhamos decidido entrar em Segóvia pelo lado ocidental, para ter a perspetiva do Alcazar que só daí se pode obter. Para isso, tivemos de passar pelo parque do Palácio Real de Rio Frio e pagar uma portagem! Mas valeu a pena. O Alcazar de Segóvia avista-se no alto do penhasco como um castelo encantado, sem dúvida um dos mais bonitos de Espanha.

O Alcazar de Segóvia, visto do lado ocidental

Segóvia é uma cidade magnífica, com muitos séculos de História e de animação. Organiza-se de uma forma alongada, entre o penhasco do Alcazar e o Aqueduto Romano, que cruza o vale adjacente. Pelo meio, um conjunto de ruas estreitas, semeadas de igrejas mas também de muitas referências ligadas à comunidade judaica, antes da sua expulsão. Velhas casas, entre becos e balcões, carregadas de histórias pungentes. 

A zona antiga da cidade

O largo da catedral

Caminho dos Suspiros...

O rei da zona alta da cidade é o Alcazar. Construído entre os séculos XII e XV, entre as preocupações militares da Reconquista e a riqueza da corte castelhana, reflete a alma desses séculos de grandes mudanças. É uma fortaleza e, ao mesmo tempo, um castelo de conto de fadas. 

O Alcazar de Segóvia, visto do lado da cidade

O Alcazar está muito ligado a Isabel de Castela, que aí viveu e casou com Fernando de Aragão. As salas deste período estão decoradas com grande beleza. No entanto, os pináculos afilados das torres, que lhe dão um aspeto tão característico, são do reinado de Filipe II.

Pormenor dos candeeiros fronteiros ao Alcazar

Mais um belo candeeiro, no largo do Alcazar

A zona comercial de Segóvia é mais moderna e muito animada. A maioria das ruas são pedonais e podemos observar à vontade as casas que a rodeiam, como a belíssima Igreja de San Martin, ou a Casa dos Diamantes, que rivaliza com a nossa Casa dos Bicos. 

Zona pedonal

Igreja de San Martin

A Casa de los Diamantes

Mas a zona mais animada é a que rodeia o velho Aqueduto. Mesmo que já o tivessemos visto centenas de vezes em fotografias, a sua imponência surpreende sempre. É uma obra de engenharia admirável. Dois mil anos depois, ali se mantém, com as suas fileiras de arcos elegantes e ainda eficientes no eterno trabalho de levar à cidade a água oriunda da Serra de Guadarrama. 

A grande praça sob o aqueduto

O Caminho da Água continua dentro das muralhas

Na zona mais alta, podemos seguir no chão o chamado Caminho da Água, que assinala o percurso subterrâneo do aqueduto. Mas é no vale, no enorme largo sob os arcos do aqueduto, que a ligação entre o passado e o presente é mais viva. À sombra do velho monumento romano multiplicam-se as esplanadas, come-se o cochinillo, bebem-se cervejas  ou o vinho fresco da região, descansam-se os pés moídos, namora-se, tiram-se fotografias...

Ao entardecer...

Decidimos logo ali que temos de voltar a Segóvia, nem que seja apenas para ir comer o cochinillo ao Don Jimeno, que estava fechado, logo hoje!...