sexta-feira, 26 de junho de 2015

Fim de semana alentejano - Monsaraz e arredores


Em Monsaraz, praça do Pelourinho
Alguns quilómetros depois de Évora,encontra-se uma pérola da arquitetura tradicional alentejana: Monsaraz. Equilibrada no cimo do monte, de cada canto, de cada janela de restaurante, de cada ameia das muralhas, se espreita uma belíssima paisagem sobre os campos alentejanos e o rio Guadiana. Conquistada aos mouros pelo célebre Geraldo sem Pavor, ali os Templários construirem um castelo, ainda muito bem conservado. Inclui uma praça de toiros, antiga e original, em que as bancadas são talhadas nas próprias paredes do castelo. A vila medieval de Monsaraz é encantadora. Com as suas casinhas muito brancas a bordejarem as ruas de xisto, apetece passear por ali sem pressas, a apreciar cada rua e cada recanto.


Monsaraz
Muito recente, de 2012, o Museu do Fresco situa-se na Praça do Pelourinho. Pretende orientar para uma rota dos frescos em que a região é rica. Segundo nos foi dito, foi na altura da remodelação do antigo espaço museológico que foi encontrada, oculta por uma parede, a peça mais extraordinária do museu e que, só por si, justifica uma visita: o fresco do Bom e do Mau Juiz. Datado de finais do século XV, mostra o bom juiz que, ao contrário do mau juiz, não se deixa comprar por ofertas ou influências. Isto da corrupção já vem de longe...


O Fresco do Bom e do Mau Juiz
Comecei por afirmar que Monsaraz é uma pérola. E é uma jóia por valor próprio, mas também pelos locais extraordinários que se encontram nos arredores e que merecem também uma visita. Os locais de interesse são muitos e variados e os roteiros deverão ser em função dos interesses do próprio viajante. O meu objetivo neste post é sugerir pistas de descoberta, a partir dos locais que a mim própria mais interessaram.


A albufeira do Alqueva
A barragem do Alqueva é um destino incontornável. Sendo o maior lago artificial da Europa, proporciona belos passeios de barco. A oferta é variada. Há passeios de apenas meia hora e outros que cruzam a barragem durante várias horas, parando numa das aldeias agora ribeirinhas. 


Barcos de passeio pela barragem
Também há barcos que se podem alugar para um passeio e há até os famosos barcos-casa, com capacidade para uma família e que proporcionam, sem dúvida, um fim de semana diferente. Os preços também são muito variáveis e convém pesquisar e reservar com alguma antecedência, já que por vezes a procura é elevada. Há vários portos e cais, mas o maior e com oferta mais variada é a marina da Amieira.


O cais da Amieira

Estar no Alqueva e não ir à Aldeia da Luz é perder um pouco da alma daquele local. A nova Aldeia da Luz (sim, porque a antiga está submersa pelas águas da barragem) foi construída para realojar os habitantes da outra aldeia, que seria tragada pelas águas.


As águas do Alqueva, junto à Aldeia da Luz
Concebida de maneira a manter as características da aldeia original, até a igreja foi construída à semelhança da anterior, sendo alguns materiais e partes da igreja originais. É uma aldeia igual a qualquer outra aldeia alentejana, embora haja uma sombra que paira, ou uma alma que falta. 



A nova (velha) igreja da Aldeia da Luz

Vale a pena visitar o Museu da Luz, um centro de interpretação situado perto da igreja. Sentada nos bancos modernos da sala climatizada, assistindo ao filme sobre o realojamento dos habitantes, o transporte das suas coisas, a transladação dos seus mortos, o fecho do cemitério, percebi o que falta à nova Aldeia da Luz: falta-lhe história, a presença do tempo passado. É estranho e é palpável.




Para os apreciadores dos prazeres de Baco, aconselha-se uma visita à Herdade do Esporão. Tem um restaurante, mas também se pode optar pela visita às caves e prova de vinhos. 


Na Herdade do Esporão


De resto, o Enoturismo tem tido uma enorme expansão no Alentejo e a enorme Herdade do Esporão não podia passar ao lado. O espaço de receção está muito bem concebido e tem recantos idílicos para saborear a paisagem alentejana.


Saborear um vinho, enquanto se saboreia o Alentejo
Perto de Reguengos de Monsaraz, encontramos uma aldeia chamada São Pedro do Corval. É considerada a capital da olaria alentejana, com cerca de 35 oficinas ainda em funcionamento. Entusiasta que sou da cerâmica típica portuguesa, estava decidida a comprar algumas peças, não muitas, que o espaço não é um bem abundante na mota.


As reconstituições em barro do museu da Olaria
Absolutamente imperdível é o Museu da Olaria de S. Pedro do Corval. Foi construído peça a peça pelo jovem dono da olaria "O Patalim", que também é já o representante da terceira geração de oleiros naquela casa. Aí se encontram, em tamanho natural e em barro, todas as fases do trabalho de olaria. 


A reconstituição do trabalho do barro...
Ilustram-se também os lazeres ou os afazeres do dia a dia. Há um aproveitamento dos antigos utensilios que é feito com muito bom gosto e todo o conjunto é interessante, genuíno e quase enternecedor.


... e das outras tarefas que lhe estão ligadas.
Para finalizar este passeio, iniciado no castelo de Monsaraz, proponho outro castelo, o de Mourão. Construído num local que hoje se perde entre os meandros da albufeira do Alqueva, vale bem a subida até às ameias. A paisagem que se avista é lindíssima, entre os lençóis de água e os belos campos alentejanos.
Imagem da net - O Castelo de Mourão entre os lençóis de água do Alqueva
E, para comer? Bem, estamos no Alentejo. Entre o borrego e o porco preto, as migas e as encharcadas, a dificuldade está na escolha.
Para terminar, um conselho: este passeio é sempre agradável, mas no pino do verão o calor pode tornar-se desagradável. O tempo ameno permite-nos desfrutar melhor desse verdadeiro festival para os sentidos que é o Alentejo.



sexta-feira, 19 de junho de 2015

O Facho da Bonança

Sabem os que me conhecem do meu fascínio por faróis. Gosto da parte estética dos faróis, a torre, os espelhos e luzes, mas acima de tudo gosto do simbolismo, da luz que guia na escuridão. Enfim, aproxima-se um fim de semana de sol, apetece sair de casa e passear, e não resisto a propor um passeio de descoberta. Não a um farol, mas a um seu antepassado, um facho.
Neste caso, é o Facho de Nossa Senhora da Bonança, erguido no alto de uma duna de areia junto à praia de Ofir.


Segundo alguns autores, teria sido mandado construir por D. João III para ajudar os navegantes a ultrapassar os perigos do litoral pedregoso junto a Fão, os famosos "cavalos de Fão". Hoje, é um pequeno edifício quase desmoronado, com uma porta estreita, em arco, encimada pelo brasão de armas de Portugal. Na parede que dá para sul ainda existe um pequeno postigo que permitia observar uma largo pedaço de mar, mas essa função de vigia deixou de ser possível quando foi construída a pequena capela que se encontra ao lado. Lá dentro, erguia-se um poste de madeira onde se içava uma lanterna ou uma caldeira acesa para aviso dos mareantes.
Nesta altura do ano, trepar até ao facho é uma caminhada agradável e que substitui uma ida ao ginásio. Faz-se um pouco de exercício, respira-se ar puro, apreciam-se as vistas, e vai-se tentando manter a linha. Para os que não estão preocupados com a linha, aconselho que desçam até à praia de Ofir e comam uma clarinha. Vale a pena!

segunda-feira, 15 de junho de 2015

A Grande Mesquita de Córdova


A Grande Mesquita de Córdova

Sempre me  fascinaram as sobreposições culturais. É como se os sítios fossem a base, o substrato em que vão assentando as sucessivas passagens e obras humanas. De cada época, de cada passagem, ficam vestígios, às vezes apagados, outras vezes assimilados. Em poucos locais se consegue ter essa perceção melhor do que na Grande Mesquita de Córdova.

Entrada lateral da mesquita

Sinto que podia dar uma aula sobre a história da Península Ibérica só tendo como material esta grande mesquita. Cada época aqui deixou a sua marca, cada povo a sua pegada.

A cúpula

Pormenor dos tetos
A mesquita original foi construída no século VIII, entre 785 e 787, logo após a invasão muçulmana. Nesse local existia já uma pequena basílica paleo-cristã e dela se aproveitaram algumas colunas. 


Entre os séculos X e XII, a mesquita é ampliada, acompanhando o poderio do Islão na Península. São erguidas mais de 800 colunas, que suportam os magníficos arcos onde o mármore, o granito e o jaspe se juntam, criando um efeito visual único. 


É construído um magnífico mihrab, ou nicho de orações, que apontava na direção de Meca, e onde se guardava uma cópia dourada do Corão. 

O Mihrab


Abre-se um espaçoso pátio, o Patio de los Naranjos, onde os fiéis faziam as suas abluções antes da oração.

O Patio de los Naranjos

Mas a Reconquista cristã avança para sul, expulsando os mouros e substituindo os símbolos de culto. A primeira capela cristã, a Capilla de Villaviciosa, é construída em 1371. Mas o estilo é ainda mudéjar, como nos deixam perceber os seus belíssimos arcos.

A Capilla de Villaviciosa
No século XVI, já toda a Espanha está de novo unificada, sob o reinado dos Reis Católicos. A Grande Mesquita tem agora de ostentar o poder de outra religião. O coração da mesquita é então remodelado, de modo a albergar uma catedral católica, ainda hoje em funcionamento. 

A catedral barroca dentro da mesquita
A sua riqueza barroca contrasta com o espaço circundante, mas não o ofusca. Pelo contrário, integra-se nele como uma gema preciosa, que não faz esquecer o valor da jóia original. É o testemunho de mais uma etapa nessa história milenar.

Os arcos integrados na catedral


Um púlpito barroco
Nessa cidade já de si tão especial como testemunho de interculturalidade que é Córdova, o espaço imenso e esmagador da Grande Mesquita mostra-nos como nenhum outro a passagem do tempo, que avança agregando os elementos culturais anteriores e acrescentando-lhes sempre novas camadas e novas leituras da realidade. Saibamos nós lê-los e respeitá-los enquanto tal.

Pormenor da porta

terça-feira, 9 de junho de 2015

Tordesilhas

A Plaza Mayor de Tordesilhas

Para nós, portugueses, o nome Tordesilhas evoca o Tratado assinado em 1494 entre Portugal e o recém formado reino de Espanha. Mas quantos de nós já visitaram o local? Geralmente, é um lugar de passagem, entre Portugal e França e, à vista da placa que indica a localidade de Tordesilhas, desenterramos da nossa memória algumas lembranças das longínquas aulas de História e passamos adiante. Mas vale a pena parar.
Tordesilhas é um pequeno município na região espanhola de Castela e Leão. Fica perto de Valladolid, junto ao rio Douro, que por ali passa com o nome de Duero. 

O rio Douro, junto a Tordesilhas

É uma povoação muito antiga, talvez de origem romana, ou ainda anterior e o seu património reflete essa antiguidade. O principal monumento da cidade é o convento de Santa Clara, mandado construir como palácio no século XIV, num belíssimo estilo mudéjar. Mas não foi por essa razão que Tordesilhas se tornou conhecida, mas sim pelo Tratado aí assinado.

Mural: os dois reis ibéricos.

Logo que se entra na parte antiga da cidade, encontramos um mural, atual, que conta de forma simples e ingénua a história do que ali se passou. Aí vemos o nosso rei João II, assim como o rei Fernando de Aragão, e a divisão do mundo que resultou destas negociações. Não é grande obra de arte, mas permite lembrar o fundamental: aqui fez-se História!

Mural: a divisão do mundo.


O Tratado de Tordesilhas foi assinado no espaço ocupado por dois palácios do século XV, hoje chamadas Casas do Tratado, e aí funciona um pequeno museu, dedicado à história do Tratado, à época que o viu nascer e às suas consequências. É de entrada gratuita.

Entrada das Casas do Tratado e Museu

Frente às Casas do Tratado, há um pequeno memorial de pedra, no patamar que vigia o rio Douro. Foi mandado construir em 1994, quando passavam quinhentos anos da sua assinatura e relembra a sua importância mundial. Vale a pena lembrar que o Tratado de Tordesilhas é um dos documentos incluídos no registo Memória do Mundo, da UNESCO.

Memorial ao Tratado

O original português do Tratado de Tordesilhas está guardado no Arquivo Geral de Espanha, ali perto, na vizinha localidade de Simancas. Também vale a pena a visita, e também aí a entrada é gratuita. O outro documento original, em espanhol, está guardado na nossa Torre do Tombo.

Arquivo Geral de Espanha, em Simancas

Mas nem só de História vive Tordesilhas. Possui uma pequena Plaza Mayor encantadora, cheia de esplanadas, onde se pode descansar o espírito de tanta informação, à frente de uma fresca caneca de cerveja. Não há melhor maneira de terminar a visita.

As esplanadas na Plaza Mayor

domingo, 7 de junho de 2015

Pegadas portuguesas no mundo


Cisterna de Mazagão (El-Jadida)
Neste dia 7 de Junho comemora-se mais um aniversário do Tratado de Tordesilhas que, no já longínquo ano de 1494, dividia o mundo conhecido mais o que haveria para descobrir, em duas metades: uma para Espanha, outra para Portugal. Na metade portuguesa ficou toda a África, parte do Brasil, uma grande parte da Ásia (até algum ponto, mal definido durante muito tempo!).
A partir daí, a história é mais ou menos conhecida. Espalhamo-nos por todos os continentes, procurando aventura e conhecimento, mas principalmente produtos para comerciar. Misturamo-nos com os nativos das diversas regiões, criámos muitas mestiçagens. Também criámos um império que tardou em perceber que o mundo tinha mudado.
Entre as mestiçagens de que fomos protagonistas, quero destacar a mestiçagem cultural, de que o Brasil é, provavelmente, o melhor exemplo. Por todo o lado, deixámos palavras, modos de viver, toponímia, construções, muitas vezes inovadoras nas suas técnicas construtivas e nos materiais utilizados. 


Forte da Aguada, Goa Velha

Quem se lembra daquele concurso As 7 Maravilhas Portuguesas no Mundo? O anúncio original dizia, com alguma graça, que, se os portugueses tivessem ido à Lua, não teriam deixado apenas pegadas. Independentemente das considerações morais ou éticas que possamos fazer sobre o estabelecimento do império português, temos uma herança a manter, a valorizar, e de que nos devemos orgulhar. O que têm em comum a velha Goa, a fortaleza de El-Jadida e a cidade de Ouro Preto? Todas elas foram construídas pelos portugueses. Todas elas são Património da Humanidade, reconhecido pela UNESCO.
A lista do Património Mundial de Origem Portuguesa, reconhecido pela UNESCO, é imensa. São 962 bens, localizados em três continentes, África, Ásia e América. Estes bens estão dispersos por 153 Estados, estando 745 bens classificados como culturais, 188 como naturais e 29 mistos. Da lista total de 962, foram selecionados pela sua excelência e bom estado de conservação 11 bens patrimoniais que são testemunho da presença portuguesa no mundo. Podem ser consultados no site da Direção Geral do Património Cultural.
Não conheço a maioria destas maravilhas, mas tenho pena. Para quem gosta de viajar, como eu, talvez seja um bom objectivo para os próximos anos!


Igreja de S. Francisco, em São Salvador da Baía


(Imagens retiradas da net)

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Livros e Viagens - Mar Sem Fim



Aqui há dias, uma amiga fez uma citação deste livro no Facebook e eu não resisti: fui à estante e reli algumas páginas, ao acaso, deste livro de Amyr Klink. Este livro, cujo título completo é Mar sem Fim, 360º ao redor da Antártica, foi-me oferecido por uma querida amiga do Brasil e é um bom exemplo dessa estreita relação luso-brasileira, tecida pela língua. O livro relata a viagem de Amyr Klink, brasileiro de São Paulo, a bordo do seu navio Paratii, em redor da chamada Convergência Antártica. No entanto, abre com uma citação de Fernando Pessoa:


E ao imenso e possível oceano
Ensinam estas Quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano;
O mar sem fim é português.
          (Mensagem)


O mar sem fim de Amyr Klink foi uma viagem em redor da Convergência Antártica, a única rota de circumnavegação do mundo que, sem se afastar de um paralelo, consegue fazer todo o percurso apenas por mar, sem nunca tocar terra. Era o projeto de volta ao mundo mais curta mas mais difícil, já muitas vezes tentada mas nunca conseguida. Amyr foi o primeiro a consegui-lo.
Foram 141 dias de luta, enfrentando mares e ventos violentos, dificuldades técnicas, mas também a solidão. Sozinho no seu barco, Amyr dá-nos conta da sua rotina, que não lhe permitia dormir mais de cinco horas sem interrupção, mas também das suas dificuldades, dos seus sentimentos, das paisagens fantásticas que ia encontrando. Sucedem-se as tempestades e os encantamentos. Pessoas, poucas, quase só em contactos de rádio ou em recordações; muito mais pinguins e albatrozes! Algumas escalas em ilhas, nem sempre muito recomendáveis! E, por fim, a chegada. O reencontro com a família, a alegria do objetivo cumprido. E o balanço de um tempo único e inesquecível:

"No porto de antes, apreensivo, eu tentava imaginar as dificuldades e lutas futuras. No de agora, dono do tempo que eu conquistara, simplesmente admirava o que estava ao redor e desfrutava do que estava feito. Não era a sensação de uma batalha ganha, de uma luta em que os obstáculos foram cumpridos. Muito mais do que isso, era o prazer interior de ter realizado algo que tanto desejei, de ter feito e visto o que fiz e vi. O profundo prazer de poder resumir minha maior viagem num simples círculo sobre papel... Não fossem os dedos, passaria uma eternidade sentado ali feito uma lavadeira de rio, ouvindo os sons da ilha, admirando a imagem do barco vermelho e branco que eu trouxera de volta. Ou melhor, que me trouxera de volta."
                                Amyr Klink , Mar Sem Fim, 360º ao redor da Antártica

quarta-feira, 3 de junho de 2015

À descoberta da Sicília VI - Taormina e o Etna


Fotografando o teatro em Taormina
O Etna é o único vulcão atualmente ativo, na Europa. Não podemos deixar de o tentar avistar mas, para isso, decidimos abordá-lo pelo interior e não pela costa, como é habitual. Começamos então a atravessar os Montes Nebrodi, a cadeia montanhosa mais alta da Sicília. 


O topo do Etna estava coberto por nuvens
Foi uma boa decisão, a paisagem é esplendorosa. Entre Naso e Randazzo, sucedem-se os bosques de carvalhos e as pastagens de montanha. Embora estejamos em maio, está frio e há humidade no ar, mas a paisagem compensa.
Randazzo fica na encosta do Etna. Não conseguimos ver o topo do vulcão, parece que tem um capacete de nuvens. Mas vêem-se bem os campos nevados, lá no alto, e os rios de lava, negros e granulosos, que avançaram até ao sopé do monte. As gentes daqui utilizam a pedra de lava para muros e construções. Deve ser precisa alguma coragem para viver em Randazzo, ou nas outras povoações que se situam no sopé do vulcão! Talvez por isso tenha duas igrejas tão majestosas!


Uma das majestosas igrejas de Randazzo
Depois, prosseguimos para Taormina e Giardini Naxos. Como descrever o fascínio deste local? Sob o vulto imponente do Etna, abrem-se baías de águas muito azuis, entremeadas de pequenas praias. Junto à costa, a Isola Bella, uma ilhota absolutamente encantadora. Todo o cenário é idílico!


A costa, em Giardini Naxos, com a Isola Bella
Taormina trepa pela montanha acima e nós trepamos também. Na encosta, os hotéis luxuosos alternam com as villas onde a aristocracia italiana vinha passar os verões, no século XIX.


Taormina

Um cannolo siciliano

Tornante atrás de tornante, lá vamos subindo a encosta. Páro a comer um cannolo, convicta de que já não apanhamos o Teatro Grego aberto ao público. Mas tivemos sorte e a sensação de estar sentada naquele teatro virado para o mar é indescritível.


O Teatro Grego em Taormina
Agora podia ficar aqui a descrever o teatro e as sensações que ele desperta... Mas vou só escrever que um povo que, há vinte e cinco séculos atrás, escolhe um sítio como aquele para se reunir a ouvir peças e textos, dos mais profundos que já foram escritos sobre a condição humana, merece o nosso respeito!...



A costa, junto a Taormina
De novo na estrada até Messina, para ver o estreito braço de mar que separa a Sicília da Itália. Mas o dia estava no fim e, do Estreito de Messina, só vimos as luzes e a Madonnina que guarda o porto e acolhe os visitantes.


A caminho de Messina