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A Royal Mile |
Uma cidade escura e
austera. Uma cidade jovem e cheia de vida. Uma cidade de tradições, pesada de
história. Uma cidade com as manifestações artísticas mais vanguardistas do
mundo. Edimburgo é isto e, provavelmente, muito mais.
Segundo parece, a
colina onde hoje se ergue o Castelo de Edimburgo já é habitada desde há muito
tempo e aí se encontra o edifício mais antigo da cidade, a capela de Santa
Margarida, do século XI. O rei David I fundou então a Abadia de Holyrood, cerca
de uma milha para leste. E é ao longo dessa milha, a Royal Mile, que a cidade
cresce, até se tornar a capital da Escócia no reinado de Jaime IV, o rei que
manda construir o Palácio de Holyrood. Ainda hoje a Royal Mile é a artéria mais
viva da cidade, onde tudo acontece.
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Calton Hill |
Apesar de ser uma
cidade bastante grande, o centro é relativamente compacto e por isso é uma
cidade boa para explorar a pé.
O melhor local para
ver a cidade é Calton Hill, mas daí só se veem fachadas de prédios entremeados
de pináculos e torres. Observamos as linhas regulares dos bairros georgianos da
New Town, mas não conseguimos ver as ruelas e becos onde vivia a população mais
pobre. Tal como muitas outras coisas que escapam a um olhar superficial. Assim,
de longe, só se veem as aparências. Como qualquer outra cidade, Edimburgo é
para explorar a pé, com vagar…
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Os becos das zonas populares |
Gostaria de ter tido
tempo para fazer essa exploração, meter o nariz nos becos e nos pubs, perder-me
nos museus. Edimburgo tem museus muito originais: o People’s Story Museum,
focado na vida dos cidadãos comuns, do século XVIII até hoje; o Museum of
Childhood, o primeiro do mundo no seu género; o Writer’s Museum, que junta
memórias de Robert Burns, Sir Walter Scott e Robert Louis Stevenson; a casa de
John Knox, onde o líder protestante terminou os seus dias… Todos estes espaços
se localizam ao longo da Royal Mile e eu gostaria de ter tido tempo para os
visitar a todos. Mas eu fui a Edimburgo em agosto…
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Um dos edifícios mais emblemáticos da Royal Mile |
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Os velhos pubs... |
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... e a casa onde está instalado o Storytelling Museum |
Durante o mês de
agosto, a cidade transfigura-se e vira os pés pela cabeça! É o mês do Fringe, o
maior festival de artes de rua e performativas do mundo. Atores, mimos,
desportistas, cantores de rua, todos afluem a Edimburgo para mostrarem as suas
artes em qualquer pedaço disponível da Royal Mile (sempre aí…). Há dezenas de
espetáculos e performances a acontecer ao mesmo tempo, noutros tantos locais da
cidade. Edimburgo transborda de alegria e criatividade. Caminhamos pela Royal
Mile e somos envolvidos por toda essa energia, frenética e contagiante.
Apetece-nos participar, rir, chorar, dançar. E, na realidade, participamos,
rimos e dançamos…
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Do Fringe I... |
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Do Fringe II... |
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Do Fringe III... |
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Do Fringe IV... |
Nos dois extremos da
Royal Mile, os dois principais monumentos da cidade clamam pela nossa atenção.
Visitamos o Palácio de Holyrood logo pela manhã e o castelo pela tardinha. O
resto do dia é para o Fringe.
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Os belos portões de Holyrood |
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O Palácio ocupou espaços da antiga abadia |
O Palácio de Holyrood
foi construído no século XV, junto à antiga abadia. Ainda hoje é a residência
oficial da rainha, quando se desloca a Edimburgo. Vale bem uma visita, tem
salas belíssimas, algumas ligadas ao infeliz reinado da célebre Mary, Queen of
Scots.
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A entrada do Palácio de Holyrood |
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O unicórnio branco nas armas de Jaime IV |
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O pátio interior do Palácio de Holyrood |
Numa feliz
proximidade, o edifício do Parlamento escocês, inaugurado em 2004 com uma
arquitetura de linhas contemporâneas e viradas para o futuro, lembra-nos a
autonomia tão dificilmente reconquistada dos escoceses.
No outro extremo da
Royal Mile, ergue-se o imponente Castelo de Edimburgo, datado do século XII mas
a que se vão fazendo modificações e acrescentos até ao século XX. A entrada
faz-se pela grande Esplanada, onde se desenrolam os famosos Tatoos Militares,
com as suas formações de militares vestidos a rigor evoluindo ao som das gaitas
de foles.
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Subindo para o castelo |
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A Esplanada |
O Castelo agrega um
grande número de edifícios e espaços, alguns dos quais me impressionaram
vivamente: o velho palácio, que agora conta a história da luta pela
independência dos escoceses, e onde a Pedra do Destino e as jóias da Coroa
escocesa estão em exibição; o Great Hall, antigo local de reunião do Parlamento
escocês, todo forrado de madeira e decorado com armas; o tocante e grandioso
memorial aos soldados escoceses mortos nas guerras mundiais, desde os tempos
napoleónicos até à atualidade.
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O Palácio dentro do Castelo |
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O interior do Memorial aos soldados escoceses mortos |
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O interior do Great Hall... |
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... decorada com armas |
O Castelo é um espaço
extraordinário e imperdível, que nos mergulha na história e no desejo de
independência da Escócia. Além de que tem uma vista magnífica sobre a própria
cidade de Edimburgo.
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Edimburgo vista do Castelo |
Prometo a mim própria
que, se algum dia voltar a Edimburgo, vou visitar os museus que agora só
namorei e assistir ao Tatoo Militar. Mas desta vez não pôde ser. Era agosto…
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