domingo, 9 de março de 2025

Istambul, palácios e mesquitas – II

 

O Palácio de Dolmabahçe

No século XIX, os sultões olhavam para as metrópoles europeias e queriam rivalizar com elas em opulência. Riqueza não lhes faltava, mas faltava um palácio que pudesse ombrear com Versalhes. Para o sultão Abdul Mecit o velho palácio Topkapi já não bastava. E mandou construir o Palácio de Dolmabahçe, terminado em 1856.

A entrada no Palácio de Dolmabahçe

Gato encarregado de controlar as entradas no palácio?

Situa-se junto ao Bósforo, no bairro de Besiktas. Do outro lado da estrada, não menos espampanante, ergue-se o estádio da equipa turca com o mesmo nome. Dois palácios, ao fim e ao cabo, dois símbolos das suas épocas.

O estádio do Besiktas, outro palácio

O Palácio de Dolmabahçe é fantasiosamente luxuoso. A fachada, toda em mármore branco, ladeia o Bósforo. Tem quase 300 metros de comprimento e, por isso, é mais esmagador ainda apreciá-la a partir de uma das muitas viagens de barco que cruzam o Bósforo a partir do cais de Eminonu. Há enormes portões que dão diretamente para o Bósforo, para o qual se pode descer por alguns degraus. Se não fosse a largueza do estreito, quase nos poderíamos sentir em Veneza...

Um portão para o Bósforo

Os maravilhosos jardins do Palácio

As entradas principais, todavia, são do lado terrestre. Hoje, todos os visitantes entram pela antiga Porta do Tesouro. Passa-se a Torre do Relógio. Passam-se os belos jardins. E entra-se num palácio concebido para esmagar pelo luxo. As salas sucedem-se, com as suas decorações em ouro e cristal, numa cintilação constante. O Grande Salão é marcado pelo enorme lustre de cristal, orgulhosamente aclamado como o maior do mundo. As fotografias são estritamente proibidas mas, se o objetivo era rivalizar com Versalhes, parece-me que foi atingido.

A Torre do Relógio

Outro portão de entrada, agora em desuso

É interessante constatar que os desejos de modernidade dos sultões do século XIX não abrangiam os costumes matrimoniais. Toda a ala direita do Palácio (para quem olha do Bósforo) continua a ser ocupada pelo seu harém...

A enorme fachada da Palácio de Dolmabahçe vista do Bósforo

Talvez insatisfeitos com este palácio, os sultões mandaram construir uma residência de verão do outro lado do estreito do Bósforo, no lado asiático, e que se vê bem dos barcos de cruzeiro: o Palácio Beylerbeyi. Era apenas uma residência de lazer, que nem tinha zonas de cozinha, por isso toda a comida era trazida de barco de Dolmabahçe.

O Palácio Beylerbeyi visto do Bósforo

Estas construções luxuosas depauperaram as finanças imperiais. Falido e derrotado, é do Palácio de Dolmabahçe que foge para o exílio o último imperador otomano, em 1922.

O Leão otomano

Data também do século XIX outra jóia de Istambul: a mesquita de Ortakoy. Ortakoy é um pequeno bairro piscatório, no lado europeu do Bósforo. Hoje em dia, é um bairro animado pelo turismo, cheio de restaurantes e lojas de lembranças. Mesmo junto à água somos de repente arrebatados pela beleza da pequena mesquita de Ortakoy. Quase suspensa entre o azul do céu e o azul das águas, parece uma peça de filigrana pousada delicadamente na margem. 

A Mesquita de Ortakoy


No cais de Ortakoy

Sentada na pequena praia de Ortakoy, onde os pescadores e os gatos aguardam serenamente, olhando o rendilhado da fachada da mesquita de Ortakoy enquanto escuto a chamada melodiosa, quase hipnótica, para a oração do meio-dia, dou por mim a pensar: “Só por este momento, vale a pena vir a Istambul!”

A Mesquita de Ortakoy vista do Bósforo


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