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O nosso hotel em Wassen |
Saímos logo pela manhã do nosso belo hotel de madeira escura
com sardinheiras nas janelas. Dei uma voltinha pelas redondezas e percebi
facilmente a razão de tudo parecer sempre tão bonito e perfeito: viam-se várias
pessoas às janelas, retirando cuidadosamente as florinhas secas das frondosas
sardinheiras! Mesmo em frente do hotel havia um fontanário e três homens tinham
retirado e esfregavam vigorosamente as grades de metal que se apoiavam no fundo
da fonte. Assim se consegue este aspeto sempre impecável! Um dos homens ainda
nos tirou uma fotografia junto da fonte e seguimos viagem.
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A foto de grupo, junto ao fontanário |
A primeira paragem é na famosa Teufelsbrücke, a Ponte do
Diabo. É um estranho e intrincado cruzamento de pontes, no cantão de Uri: a
ponte ferroviária, a nova ponte rodoviária e a velha ponte de pedra, que veio
substituir a ponte ainda mais antiga, construída pelo diabo a troco da alma do
primeiro que ali passasse. Já fiz aqui um post sobre este local, por isso não
me vou alongar, mas dizer apenas que é um local estranho e fascinante, cheio de
histórias.
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A misteriosa Teufelbrücke |
Seguimos para Andermatt, onde abastecemos com a gasolina mais
cara da viagem, ainda mais cara do que em Portugal! Hoje, talvez Portugal já
tenha ultrapassado essa fasquia!
Paramos para visitar o Mosteiro Beneditino de Disentis. É um
belo mosteiro, ainda gerido pelos monges, numa vila tranquila. Foi fundado no século
VIII, mas dessa primeira edificação já pouco resta. Houve entretanto uma grande
remodelação, que hoje revela uma belíssima igreja barroca.
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O belo interior barroco do Mosteiro de Disentis |
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O orgão do Mosteiro Beneditino de Disentis |
A partir daqui,
decidimos sair das estradas principais para sentir bem o ambiente das aldeias
alpinas. Estamos na Suiça profunda, as casas são de madeira e as paragens de
autocarro estão assinaladas por montículos de pedras. Numa dessas aldeias,
Mainfeld, inspirou-se a criadora da Heidi, mas chuviscava e não tivemos coragem
de ir procurar a casa da miúda…
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À descoberta das aldeias alpinas |
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...com as suas casinhas de madeira... |
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... e as mais mimosas paragens de autocarro! |
O almoço foi em Chur. É uma pequena cidade, muito agradável,
com um centro histórico bonito, à entrada do vale do Reno. Escolhemos para
almoçar a esplanada de uma pizzaria que ostentava à entrada, orgulhosamente, um
diploma atribuído ao chef, um cozinheiro português! Afinal, estamos na Suiça,
uma das regiões da diáspora portuguesa! Em algumas comunidades deste cantão de
Grisões, a terceira língua é mesmo o português, depois do romanche e do alemão.
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A entrada para o centro histórico de Chur |
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A pizzaria com o chef português premiado |
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Fontanário com a cabra-montês, símbolo da região |
Durante a tarde, ainda houve tempo para uma paragem em Davos.
Estância turística muito diferenciada, tal como a sua vizinha Klosters, é
principalmente conhecida por ser a sede do World Economic Forum, where the world leaders meet, uma vez
por ano. Por isso, nós também não podíamos falhar a visita!
Davos, por qualquer razão que não percebemos, estava cheia de
judeus ortodoxos, grandes famílias, com as suas indumentárias características.
Seria um encontro internacional de rabinos, ou coisa parecida?
No meio daquele ambiente tão cosmopolita, o que mais gostei
em Davos foi uma instalação no lago de um jardim. Não guardei o nome do autor,
mas guardei na alma a aparição quase fantasmagórica daquelas figuras humanas,
de chapéu-de-chuva aberto, pairando sobre o lago como se caminhassem sem
destino.
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Figuras deambulam no lago, sob os seus chapéus-de-chuva |
Ultrapassado mais um passo alpino, o Flüela Pass, acima dos 2 300 metros, a chegada a
Zernez foi mais cedo do que o habitual. O Hotel Spöl é mimoso, um hotel de
montanha numa pequena vila. Ali não há desportos de inverno, mas há caça
grossa, como veados, que está na base da decoração do hotel.
Foi muito interessante o contacto com os portugueses que ali
trabalhavam: a Liliana, que veio a correr quando viu que eram duas motas
portuguesas que estavam a estacionar, e o João, empregado no nosso hotel, com
quem conversamos bastante durante o jantar. Comemos um prato tradicional da
região,“capuns”, rolinhos feitos com acelga ou alface e recheados com carne e,
no final, o João ofereceu-nos um licor, feito a partir de uma planta que só
existe nos cumes alpinos, chamada “eve” (provavelmente não se escreve assim,
mas não importa!). Afinal, as viagens também se fazem destas descobertas e
reconhecimentos.
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Uma hospedaria, no cume do Flüela Pass |
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