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A velha Cruz de Ferro |
O dia começou com um percalço: o pneu da frente da nossa mota
mostrava desgaste e era preciso mudá-lo! Havia que procurar uma oficina, em
Briançon… Felizmente correu tudo bem, o mecânico, Nico, foi muito rápido e
eficiente mas, mesmo assim, já saímos de Briançon muito depois da hora
prevista. Claramente, íamos ter de anular algumas visitas e paragens, até
porque a etapa era longa.
Saímos na direção de Grenoble, mas a estrada estava cortada
para obras e tivemos de seguir por uma pequena estrada alternativa, muito bonita
e tranquila, o que acabou por ser positivo. Aqui começam os Alpes verdes, com
encostas cheias de pastagens e vacas equilibristas.
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Estradas tranquilas, a caminho de Bourg d'Oisans |
Almoçamos em Bourg d’Oisans, uma pequena vila banhada pelo
rio La Romanche. E foi mesmo aí, nuns bancos junto ao rio, que esticamos as
pernas, enquanto comíamos umas sanduiches e bebíamos uns sumos de laranja.
Depois de Bourg d’Oisans, e antes de chegar a Saint-Jean de
Maurienne (que merecia uma visita, nem que fosse apenas pelos três dedos de São
João Batista que ainda por lá estão, mas não houve tempo!), passámos pelo Col
de la Croix de Fer.
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Do alto da Croix de Fer... |
Com os seus 2067 metros, o Col de la Croix de Fer não é muito
alto, pelo menos pelos parâmetros alpinos, mas é um passo de montanha muito
conhecido e emblemático, já que por diversas vezes foi utilizado no Tour de
France. Lá estão os nomes de todos os ciclistas que já venceram esta etapa do
Tour e, evidentemente, tornou-se uma espécie de Meca dos ciclistas, que são às
mãos-cheias, a fazer-me lembrar o Col du Tourmalet, nos Pirinéus.
Há muitos ciclistas, todos felizes por terem conseguido
superar esta prova, a cumprimentarem-se e a tirarem a foto da praxe, junto à
velha Cruz de Ferro. Fazemos o mesmo e tiramos uma foto de grupo, com a ajuda
de uns ciclistas espanhóis. A vista da Cruz de Ferro recortada contra o céu e
as montanhas é magnífica e continuamos viagem “de papo cheio”!
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Foto de grupo no Col de la Croix de Fer |
Seguimos por montes e vales muito férteis, pelo curso do rio
Arc, até ele desembocar no rio Isère, frente às montanhas Les Boujes.
Passámos por Aix-les-Bains, com uma olhadela gulosa ao lago e
aos banhistas. Mais uma passagem breve por Chambery, quase só para ver a fonte
dos elefantes que o conde de Boignes legou à cidade. E ala para Annecy…
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Até as casas de banho são mimosas. |
Annecy é uma das cidades mais bonitas dos Alpes franceses.
Combina o charme e a sofisticação com uma paisagem magnífica, o encanto do seu
centro histórico medieval com as majestosas montanhas que a rodeiam. Do castelo
ao lago a que dá o nome, tudo é encantador. Deixámos as motas junto ao castelo
que, embora sendo propriedade dos condes de Genebra, alberga hoje um museu
bastante eclético, que vai da arqueologia da região até ao cinema.
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O Castelo de Annecy |
Mas o centro
nevrálgico da cidade é, sem dúvida, o conjunto de ruas que rodeia o Canal Thiou e a
pequena ilha onde, no século XII, se construiu uma prisão, ainda utilizada na
2.ª Guerra Mundial. Apetecia mesmo ficar ali, junto ao canal, e por lá nos
demorámos, numa esplanada, a beber umas cervejinhas e a comer uma “terrine
artisanale” que, na verdade, não era senão patê de porco…
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O Canal de Thiou com a velha prisão... |
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... o canal, visto para o lado oposto. |
A tarde já estava no fim e ainda tínhamos de ir até perto de Genebra. Na Suiça, os hotéis são bastante mais caros do que em França, por isso, tinhamos marcado um hotel junto à fronteira, mas ainda do lado francês. Mas encontrar o hotel foi outra aventura, campestre e noturna!...
Para mais, com a outra mota sem o farol médio! Mas lá chegámos, cansados mas
bem dispostos!
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Cuidado: Frágil... |
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