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Este mural, em Palud du Verdon, marca a entrada nos Alpes Marítimos |
Entrámos nos Alpes seguindo o curso do rio Durance. A
magnífica ponte de Mirabeau é como uma porta de acesso à mais alta cordilheira
de montanhas do continente europeu. Ao lado, alcandorada sobre o rio, vê-se a
pequena Chapelle de Sainte-Madeleine.
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Chapelle de Sainte-Madeleine |
A paisagem começa a mudar. Nós
dirigimo-nos para as Gorges du Verdon. Começamos a subir, sempre acompanhando agora o curso do rio
Verdon. O rio Verdon deve o seu nome à tonalidade verde das águas, mas quando
desagua no Lac de Sainte Croix é de um azul turquesa brilhante, que parece retocado no Photoshop.
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Lac de la Sainte Croix |
Mas, antes, passa por desfiladeiros imensos, altas
paredes de pedra, que nós vamos bordejando, até percebermos que estamos a
conduzir em sentido proibido. Melhor voltar atrás! Demos meia volta e voltámos
a fazer o caminho até ao cruzamento de estradas de Palud du Verdon, onde
tínhamos parado para umas bebidas frescas no acolhedor Bar de la Place.
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O Bar de la Place |
Continuamos pelas Gorges du Daluis, com as suas sequências de
estradas e túneis esculpidos na rocha vermelha escura. Os picos e
desfiladeiros, rodeando o rio que corre lá muito em baixo, vão-se sucedendo,
enquanto a rocha vai mudando de cor, do vermelho para o amarelo, até ao
cinzento escuro, quase preto. É, sem dúvida, das estradas mais bonitas que eu
já percorri.
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Pelas Gorges du Daluis |
Após uma paragem para almoçar num pequeno bar de um parque de
campismo (paragem que se previa breve, mas que se tornou longa, graças à falta
de eficiência dos empregados…) seguimos estrada fora, sempre pela montanha,
acompanhando o rio Verdon, depois o rio Var.
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Praia na montanha |
Parámos para meter gasolina em
Guillaumes, uma pequena e mimosa vila de montanha. Estávamos a 15 de agosto e
celebrava-se a festa anual, em honra da Assunção de Nossa Senhora. E
inesperadamente fomos brindados com um animado cortejo: passam lenhadores, com
os seus machados, e caçadores, que disparam as suas espingardas para o ar; as raparigas
dançam, ao som de uma fanfarra. Há muitas crianças, que brincam fazendo rodas e
dançando, pela mão das raparigas. Todos vêm alegres, vestidos a rigor com os
seus trajes tradicionais.
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A pequena vila de Guillaumes |
Que belo e inesperado presente! No dia seguinte, a
festa continuaria, com a destilação da lavanda. Mas nós também temos de
continuar… O Col de Cayolle espera-nos.
Começamos a subir. O Col de Cayolle é a primeira das altas
passagens de montanha que temos previstas na nossa viagem. A paisagem é
magnífica! No cimo dos seus 2.330 metros, um motociclista francês está deitado
na relva, olhando as montanhas. Apetece-me fazer como ele e ficar ali uns
instantes, ouvindo as marmotas e o silêncio…
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No Col de la Cayolle |
A descida faz-se por entre pastos verdejantes, abetos e
riachos que se precipitam pela montanha abaixo. O cenário é de uma beleza
estonteante. Virámos as costa ao pôr-do-Sol e, à
nossa frente, o vale começa a esconder-se na sombra, enquanto outros picos resplandecem
com a luz do Sol que ainda lhes toca…
Quando chegamos a Barcelonette, o ambiente na Place Manuel é
alegre, há muita gente nas esplanadas e eu pagava para ficar ali a beber umas
cervejinhas. Já são muitas horas em cima da mota! Mas não pode ser. Ainda temos
de passar o Col de Vars, rumo a Briançon. Felizmente, a estrada é boa e nós lá
vamos rolando.
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A Place Manuel, em Barcelonette |
Final da etapa em Briançon, no Auberge de l’Impossible.
Quando percebe que somos portugueses, a dona do Albergue – uma senhora de idade
indefinível mas claramente respeitável – confidencia-nos com um sorriso
emocionado que esteve refugiada em Portugal, depois da Guerra. E à noite,
despediu-se de nós com um “Boa noite e até amanhã, se Deus quiser!”, a única
frase que ainda recordava da sua estadia portuguesa.
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Os velhos cartazes turísticos no Auberge de l'Impossible |
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