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O canal de Nyhavn |
Chegar a Copenhaga a meio de uma tarde de verão, ainda por
cima num fim de semana, é uma experiência avassaladora. Dá a sensação que a
cidade está totalmente focada na experiência de usufruir da vida. Com alegria e
tranquilidade, mas a usufruir plenamente da vida.
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A banhos no canal... |
A cidade de Copenhaga situa-se entre as ilhas de Zelândia e
Amager. O espaço entre as duas ilhas assemelha-se a um rio que passasse no meio
da cidade e a dividisse ao meio. Esse canal funciona, na realidade, como uma
imensa zona balnear. A administração da cidade colocou pontões e avançados de
madeira nas margens e milhares de dinamarqueses aproveitam o sol e a água, como
numa imensa praia ao longo de quilómetros de canal. Há gente a tomar banhos de
mar e há gente a tomar banhos de sol. Os pequenos barcos de recreio cruzam-se
com os banhistas que mergulham ou nadam tranquilamente. Há os que andam de
canoa e os que fazem equilibrismos em cima das pranchas.
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Praias urbanas no canal de Copenhaga |
O mesmo acontece nos canais que rodeiam o canal principal.
Sento-me na margem de um canal a comer uma sanduiche e a pensar quando é que um
banhista será abalroado por um barco, se não um dos maiores, conduzidos por
marinheiros experientes, um dos mais pequenos, alugados a alegres grupos de
turistas, que vão passeando pelos canais, com um olho no leme e uma garrafa na
mão. Mas nada acontece, todos se cruzam e divertem com tranquilidade.
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Entre barcos e banhistas... |
Nas margens dos canais, as casas coloridas estão
transformadas em habitações turísticas, restaurantes, bares... é a maldição das
grandes cidades europeias do século XXI. Mas, mesmo junto aos canais, há
instalações de madeira que vendem cerveja Carlsberg e smørrebrød, aquela espécie de sanduiche tão típica da Dinamarca.
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Barcos, esplanadas e muita animação em Nyhavn... |
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...mas também no canal central da cidade |
O canal mais
famoso é Nyhavn e percebe-se porquê. Foi escavado no século XVII e as casas que
o rodeiam são dessa época, mas a animação é constante. Há uma quantidade
incrível de barcos ali atracados ou que cruzam o canal. Alguns são barcos
antigos, recuperados, que parecem ali estar apenas para compor o cenário. Um
ambiente muito animado, no meio de uma floresta de mastros. Milhares de pessoas
andam nos passeios, tiram fotografias, param nas esplanadas. Enquanto ali
estavamos, assistimos ao “Friday night skate”, com milhares de participantes
que desfilaram patinando alegremente, num desfile que integrava pessoas de todo
o tipo e de todas as idades. Viver a vida, em liberdade!...
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Nyhavn |
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Friday night skate |
Pareceu-me que
essa aceitação e integração da diferença é uma característica da própria
cidade. O novo e o antigo coexistem com naturalidade. As torres de velhas
igrejas espreitam por trás de edifícios modernos, de arquitetura arrojada. Como
símbolo deste olhar cruzado, o Palácio de Amalienborg, um complexo de quatro
palácios de fachadas clássicas, residência da família real dinamarquesa. Do
outro lado do canal, a Ópera de Copenhaga, um edifício moderno e vanguardista.
Estão frente a frente, como duas faces de um espelho que refletisse esta
coexistência do passado e do futuro.
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No Palácio de Amalienborg |
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A chamada "igreja de mármore" junto ao Palácio |
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A moderníssima Ópera de Copenhaga |
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O Palácio de Amalienborg, visto da Ópera |
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A Ópera, vista do Palácio de Amalienborg |
A zona mais antiga
da cidade, o centro histórico, chama-se Indre By e aí se concentram as
construções mais antigas e mais emblemáticas, como o Palácio de Christianborg,
onde funciona o Parlamento, e o Castelo de Rosenborg, onde hoje se guardam as
jóias da Coroa.
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Passeando por Indre By |
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Um quiosque na Strøget, a rua pedonal mais movimentada
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Entrada da Rundetarn, uma torre do século XVII com um observatório |
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Fontanário em Strøget |
O Castelo de
Rosenborg é dos mais bonitos que vi, na Dinamarca. Situado no meio de um lago e
de uns jardins belíssimos, é um castelo renascentista todo construído em
tijolo, num estilo que se repete, com maior ou menor magnificência, por todo o
país.
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O Palácio de Rosenborg, no meio dos jardins |
A Bolsa de
Copenhaga é um dos edifícios mais originais da cidade, com o seu
telhado cónico, que parece guardado por estranhos animais mitológicos.
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Royal Exchange, a Bolsa de Copenhaga |
E o bispo Absalão,
o fundador da cidade no longínquo século XII, continua a dominar o centro
histórico, de cima do seu cavalo...
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Estátua do Bispo Absalão |
Mas é preciso sair
do centro da cidade e caminhar um bom bocado pelas docas para encontrar a
estátua que se transformou no símbolo da cidade: a pequena sereia, inspirada no
conto homónimo de Hans Christian Andersen. Mede apenas 125 cm. Foi mandada
fazer pelo filho do fundador da fábrica de cerveja Carlsberg, como um ato de
publicidade e uma homenagem à cidade. Esculpida por Edvard Erikson, foi colocada junto ao mar em 1913. A publicidade foi eficaz, não restam
dúvidas. Não há forma de ir a Copenhaga e não procurar a pequena sereia, que
olha melancolicamente para o mar, empoleirada no seu rochedo.
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A Pequena Sereia |
Finalmente, desde
2012, a sereia tem uma espécie de alter-ego. Chama-se Han, que significa ele em dinamarquês, e também olha melancolicamente para o mar noutra
cidade do país. Temos de ir à sua procura! Mas isso fica para outro post.
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