segunda-feira, 17 de outubro de 2022

O Verão em Copenhaga


O canal de Nyhavn


Chegar a Copenhaga a meio de uma tarde de verão, ainda por cima num fim de semana, é uma experiência avassaladora. Dá a sensação que a cidade está totalmente focada na experiência de usufruir da vida. Com alegria e tranquilidade, mas a usufruir plenamente da vida.

A banhos no canal...

A cidade de Copenhaga situa-se entre as ilhas de Zelândia e Amager. O espaço entre as duas ilhas assemelha-se a um rio que passasse no meio da cidade e a dividisse ao meio. Esse canal funciona, na realidade, como uma imensa zona balnear. A administração da cidade colocou pontões e avançados de madeira nas margens e milhares de dinamarqueses aproveitam o sol e a água, como numa imensa praia ao longo de quilómetros de canal. Há gente a tomar banhos de mar e há gente a tomar banhos de sol. Os pequenos barcos de recreio cruzam-se com os banhistas que mergulham ou nadam tranquilamente. Há os que andam de canoa e os que fazem equilibrismos em cima das pranchas.

Praias urbanas no canal de Copenhaga


O mesmo acontece nos canais que rodeiam o canal principal. Sento-me na margem de um canal a comer uma sanduiche e a pensar quando é que um banhista será abalroado por um barco, se não um dos maiores, conduzidos por marinheiros experientes, um dos mais pequenos, alugados a alegres grupos de turistas, que vão passeando pelos canais, com um olho no leme e uma garrafa na mão. Mas nada acontece, todos se cruzam e divertem com tranquilidade.

Entre barcos e banhistas...

Nas margens dos canais, as casas coloridas estão transformadas em habitações turísticas, restaurantes, bares... é a maldição das grandes cidades europeias do século XXI. Mas, mesmo junto aos canais, há instalações de madeira que vendem cerveja Carlsberg e smørrebrød, aquela espécie de sanduiche tão típica da Dinamarca.

Barcos, esplanadas e muita animação em Nyhavn...

...mas também no canal central da cidade

O canal mais famoso é Nyhavn e percebe-se porquê. Foi escavado no século XVII e as casas que o rodeiam são dessa época, mas a animação é constante. Há uma quantidade incrível de barcos ali atracados ou que cruzam o canal. Alguns são barcos antigos, recuperados, que parecem ali estar apenas para compor o cenário. Um ambiente muito animado, no meio de uma floresta de mastros. Milhares de pessoas andam nos passeios, tiram fotografias, param nas esplanadas. Enquanto ali estavamos, assistimos ao “Friday night skate”, com milhares de participantes que desfilaram patinando alegremente, num desfile que integrava pessoas de todo o tipo e de todas as idades. Viver a vida, em liberdade!...

Nyhavn

Friday night skate

Pareceu-me que essa aceitação e integração da diferença é uma característica da própria cidade. O novo e o antigo coexistem com naturalidade. As torres de velhas igrejas espreitam por trás de edifícios modernos, de arquitetura arrojada. Como símbolo deste olhar cruzado, o Palácio de Amalienborg, um complexo de quatro palácios de fachadas clássicas, residência da família real dinamarquesa. Do outro lado do canal, a Ópera de Copenhaga, um edifício moderno e vanguardista. Estão frente a frente, como duas faces de um espelho que refletisse esta coexistência do passado e do futuro.

No Palácio de Amalienborg

A chamada "igreja de mármore" junto ao Palácio

A moderníssima Ópera de Copenhaga

O Palácio de Amalienborg, visto da Ópera

A Ópera, vista do Palácio de Amalienborg

A zona mais antiga da cidade, o centro histórico, chama-se Indre By e aí se concentram as construções mais antigas e mais emblemáticas, como o Palácio de Christianborg, onde funciona o Parlamento, e o Castelo de Rosenborg, onde hoje se guardam as jóias da Coroa.

Passeando por Indre By

Um quiosque na Strøget, a rua pedonal mais movimentada

Entrada da Rundetarn, uma torre do século XVII com um observatório


Fontanário em Strøget

O Castelo de Rosenborg é dos mais bonitos que vi, na Dinamarca. Situado no meio de um lago e de uns jardins belíssimos, é um castelo renascentista todo construído em tijolo, num estilo que se repete, com maior ou menor magnificência, por todo o país.

O Palácio de Rosenborg, no meio dos jardins


A Bolsa de Copenhaga é um dos edifícios mais originais da cidade, com o seu telhado cónico, que parece guardado por estranhos animais mitológicos.

Royal Exchange, a Bolsa de Copenhaga

E o bispo Absalão, o fundador da cidade no longínquo século XII, continua a dominar o centro histórico, de cima do seu cavalo...

Estátua do Bispo Absalão

Mas é preciso sair do centro da cidade e caminhar um bom bocado pelas docas para encontrar a estátua que se transformou no símbolo da cidade: a pequena sereia, inspirada no conto homónimo de Hans Christian Andersen. Mede apenas 125 cm. Foi mandada fazer pelo filho do fundador da fábrica de cerveja Carlsberg, como um ato de publicidade e uma homenagem à cidade. Esculpida por Edvard Erikson, foi colocada junto ao mar em 1913. A publicidade foi eficaz, não restam dúvidas. Não há forma de ir a Copenhaga e não procurar a pequena sereia, que olha melancolicamente para o mar, empoleirada no seu rochedo.

A Pequena Sereia

Finalmente, desde 2012, a sereia tem uma espécie de alter-ego. Chama-se Han, que significa ele em dinamarquês, e também olha melancolicamente para o mar noutra cidade do país. Temos de ir à sua procura! Mas isso fica para outro post.


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