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Santa Sofia vista da esplanada de Sultanhamet |
Contantinopla, aliás Bizâncio, aliás
Istambul... A História pesa nesta cidade.
No ano de 330, o imperador Constantino
inaugurou uma nova capital para a parte oriental do Império Romano, num povoado
antigo fundado por um colono grego de nome Byzas. Deu-lhe o seu próprio nome,
Constantinopla, a cidade de Constantino, e uma identidade cristã. O chamado
Império Romano do Oriente, ou Bizantino, iria durar mais 1000 anos do que o seu
congénere do ocidente. O Império Bizantino afirmou-se então como a epítome do
refinamento cultural e da riqueza, numa época em que o ocidente era marcado
pela guerra, pelo empobrecimento e pela fragmentação. Tudo isto ainda se
encontra na cidade.
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A velhinha Haghia Sophia |
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A caminho do Grande Bazar, a chamada Coluna de Pompeu |
Após a fundação, Constantino mandou erguer uma
coluna com a sua estátua para colocar no Forum da cidade. Diz-se que o
imperador teria mandado enterrar relíquias sagradas na base da coluna. Hoje não
se dá muito por ela, sem estátua e sem nada que a realce, quando por aí
passamos a caminho do Grande Bazar.
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Rumeli, as antigas muralhas que envolvem a cidade, do lado europeu... |
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... e do lado asiático |
As velhas muralhas bizantinas, que tanto
custaram a transpor aos otomanos, ainda envolvem a parte antiga da cidade e são
bem visíveis do Bósforo. O centro da cidade de Constantino era o Hipódromo,
onde se disputavam as corridas de quadrigas que apaixonavam a população tal
como hoje acontece com o futebol. Tinha lugar para 100 000 pessoas e era
luxuosamente decorado. Ainda hoje aí está um obelisco trazido de Luxor, no
Egito, e a chamada Coluna Serpentina, trazida do templo de Delfos, na Grécia.
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A Coluna Serpentina |
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O obelisco de Luxor |
Também existia no estádio um magnífico conjunto de quatro cavalos em bronze,
mas foram pilhados pelos cruzados, em 1204, e foram adornar a Igreja de de São
Marcos, em Veneza. Mais recentemente, no início do século XX, foi aí colocada
uma fonte a que chamam a Fonte Alemã, doada pelo Império Alemão ao Império
Otomano, em memória da visita do Kaiser Guilherme II em 1898. Hoje, esta grande
esplanada chama-se Sultanahmet e parece simplesmente um parque que liga a
Mesquita Azul à Haghia Sophia, mas é muito mais do que isso.
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A Fonte Alemã |
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Junto das antigas muralhas situa-se a entrada para Haghia Sophia |
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A entrada da velha basílica |
Haghia Sophia, a velha basílica de Santa Sofia
ou Sagrada Sabedoria, é ainda hoje um dos ícones da cidade. Teria havido
naquele local uma igreja mas esta que conhecemos foi mandada construir pelo
imperador bizantino Justiniano, que a inaugurou em 537, isto é, no século VI. É
necessário ter esta data em mente para apreciar devidamente a grandeza desta
obra. Até à construção da basílica de S. Pedro do Vaticano, no século XVI, não
havia nenhuma mais grandiosa ou com uma cúpula mais elevada. Foi transformada
numa mesquita após a conquista otomana, em 1453, e depois num museu, em 1930,
após a revolução que tornou a Turquia uma república laica. Aborrecem-me
bastante as comparações com a Mesquita Azul: separam-nas mil anos e contextos
históricos e religiosos totalmente diferentes.
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O interior da basílica visto da galeria |
Hoje voltou a ser uma mesquita. Sinais dos
tempos... Tal como nos primeiros tempos da islamização as imagens cristãs foram
tapadas com gesso (e destapadas em 1930), hoje estão cobertas com panos
brancos, que mal as escondem. Não se pode entrar no piso térreo da mesquita,
apenas nas galerias dantes reservadas às mulheres. Mas o que se vê basta para
ficarmos esmagados pela sua grandiosidade e pela delicadeza decorativa.
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Na galeria das mulheres |
A dimensão da cúpula é impressionante, tanto
na altura como no diâmetro. Nunca mais se tinha visto nada assim desde o
Panteão de Roma, e não voltará a ver-se até à Basílica de S. Pedro. Vista do
exterior, tem um perfil inconfundível, com as semicúpulas que a rodeiam e os
minaretes que lhe foram entretanto acrescentados.
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A maravilhosa cúpula de Santa Sofia |
O interior é de uma imensa riqueza decorativa.
Os quatro evangelistas dominam os quatro cantos do templo. As colunatas
sucedem-se, delicadamente esculpidas e pintadas. Nas paredes das galerias os
mosaicos mostram-nos a Virgem, Jesus Cristo, S. João Batista, mas também os
imperadores e as imperatrizes bizantinos.
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Colunas e capitéis delicadamente decorados |
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Cristo e a Virgem Maria, acompanhados pelos imperadores bizantinos, abençoam a cidade |
No exterior, num dos átrios de acesso, há um
mosaico extraordinário do século VI. Representa os dois imperadores,
Constantino e Justiniano, prestando homenagem à Virgem Maria que segura o
Menino Jesus ao colo. Constantino oferece-lhe a sua cidade, Justiniano
oferece-lhe a sua basílica.
Outro impressionante vestígio dos tempos
bizantinos é a Cisterna da Basílica, a que os turcos dão o nome de Palácio
Submerso. O seu objetivo era bastante prosaico: garantir o fornecimento de água
à cidade, através da construção daquele imenso reservatório. Tem um ar um pouco
surreal, talvez pela dimensão, talvez pela semiobscuridade em que por ali
deambulamos, no meio de centenas de colunas (precisamente 336...). Algumas das
colunas foram retiradas de templos pagãos, como as que ostentam a cabeça da Medusa,
o que contribui para adensar o ambiente misterioso. Já houve por ali passeios
de barco. Agora apenas se pode andar pelos passadiços, em grupos de número
rigorosamente controlado. Nada que lhe retire o seu aspeto surreal de palácio
subaquático.
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A Cisterna da Basílica |
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A famosa coluna com a cabeça da Medusa |
Enquanto capital do Império Bizantino,
Constantinopla (ou Bizâncio...) era também a sede do Rito Ortodoxo Grego. A
igreja de S. Jorge, no bairro de Fener, continua a ser a sede mundial da Igreja
Ortodoxa Grega. Quando aí estivemos, celebrava-se a Páscoa Ortodoxa e a Igreja
estava cheia de gregos e búlgaros que participavam nas celebrações. Numa cidade
marcada pelos minaretes das mesquitas e pelos cantos de chamada para a oração,
a visita àquela igreja ortodoxa onde se celebrava tão livremente uma fé religiosa
diferente não deixa de ser um sinal de tolerância. Espero que se mantenha...
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A Mesquita Haghia Sophia iluminada para o Ramadão... |
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... enquanto na Igreja de S. Jorge se celebra a Páscoa Ortodoxa |
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