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O castelo de Frederiksborg |
Talvez não seja a
imagem mais imediata que nos vem à cabeça quando pensamos na Dinamarca, mas a
verdade é que aí existem belos castelos, que em nada ficam atrás dos de outras
regiões da Europa.
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Crianças brincam na maquete do Castelo de Kronborg |
Desde logo, na
própria capital, Copenhaga, como já referi noutro post. Mas também fora dela...
Tinhamos selecionado três: Kronborg, em Helsingor, Frederiksborg, em Hillerød, e Egeskow, na ilha de Fyn. E cada um teve a
sua história!...
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Entrada no Castelo de Kronborg |
O Castelo de
Kronborg localiza-se na ponta nordeste da Zelândia, no local onde o Estreito de
Øresund é mais reduzido. Aí, apenas quatro quilómetros
separam a Dinamarca da Suécia, do outro lado daquele braço de mar a que chamam Øresund. De cada margem avista-se claramente a margem oposta. E como duas
irmãs gémeas separadas pelo estreito, a cidade sueca de Helsingborg olha a
cidade dinamarquesa de Helsingor. Não foi por acaso que o rei Erik da Pomerânia
mandou construir o castelo de Kronborg naquele local, dominando o estreito.
Dali, podia defender-se de uma hipotética invasão sueca e, de caminho,
controlava o movimento comercial no estreito.
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Fatos de cerimónia do rei Erik e da rainha Filipa |
No castelo de Kronborg, visitamos
o escritório real. Das janelas avista-se todo o estreito e eu imagino o rei, de
mãos atrás das costas, olhando o mar e fazendo as contas aos direitos que iria
cobrar a todos os barcos que ali passavam, no seu percurso entre o Mar do Norte
e o Mar Báltico.
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O Castelo à beira do estreito |
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O ferry boat liga as duas cidades |
Hoje em dia, um ferryboat liga as duas cidades a cada meia hora. E é assim, na proa do ferry, que nos aproximamos de Helsingor e do seu castelo. É um belo castelo,
quadrangular, com torres elegantes nos cantos. Rodeado por um fosso, podem-se
visitar várias salas como a grande sala de banquetes e receções, ainda hoje
esporadicamente utilizada pela rainha para receber convidados especiais. O
pátio central é muito bonito e a pequena igreja com decorações de madeira
policromada merece também uma visita.
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A elegante torre do pátio interior |
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A decoração em madeira policromada dos bancos da capela real |
Foi Shakespeare
quem fez a notoriedade do castelo de Helsingor. Nunca aqui esteve, que se
saiba, mas ao situar neste local a ação de Hamlet deu-lhe uma fama imorredoira.
O poeta inglês chamou-lhe Elsinore, mas é este o castelo onde o jovem príncipe
discorre sobre as motivações humanas e fala com o fantasma do seu pai
assassinado. E esta poderosa referência está por todo o lado. O ferryboat
chama-se Hamlet. Há hotéis e restaurantes com o seu nome. E todos os anos se
exibe esta peça teatral no pátio do castelo. Acho fascinante a forma como, por
vezes, a literatura toma posse dos lugares e ultrapassa a própria história!
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O nosso ferryboat chama-se Hamlet |
Nas masmorras do
castelo, no entanto, o espírito dinamarquês vela, na figura de um velho chefe viking!
De braços cruzados sobre a espada e o escudo, o Holder
Danske continua atento. E dizem que, se a
Dinamarca estiver em perigo, o velho guerreiro se erguerá e voltará a lutar.
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O Holder Danske |
Uns quarenta
quilómetros para sul, em Hillerød, ergue-se outro
castelo lindíssimo e especial: Frederiksborg. É ainda hoje o maior castelo da
Escandinávia. Foi construído sobre três ilhotas pelo rei Cristiano IV, no
século XVII, para realçar o seu poder entre os soberanos da Europa da época. Em
1859, sofreu um incêndio devastador, que levou a família real a instalar-se
definitivamente em Copenhaga.
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O belo Castelo de Frederiksborg |
É aí que a
história deste castelo se torna verdadeiramente original. Em 1878, foi
adquirido pelo mestre cervejeiro J. C. Jacobsen, fundador da Carlsberg, e
totalmente reconstruído, restaurado e transformado no Museu de História
Nacional da Dinamarca. A Fundação Carlsberg gere o Museu e garante o seu
funcionamento.
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Os jardins que rodeiam o castelo |
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O pátio interior de Frederiksborg |
Algumas salas são
magníficas, como a Sala de Audiências ou a Grande Sala que recria o ambiente do
palácio no tempo de Cristiano IV. Mas a pérola do palácio é a Capela Real. É um
dos poucos espaços do palácio que escapou ao fogo e ergue-se, no seu esplendor
barroco, atraindo o nosso olhar para mil pormenores decorativos. A visita a
esta Capela Real justifica a visita ao
Palácio, se não houvesse outras razões.
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A Capela Real |
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Pormenor do orgão da Capela Real |
Mas essas outras
razões existem. O Palácio possui a mais importante coleção de retratos e
pinturas históricas da Dinamarca. Recria também o vestuário e outros aspetos da
vida de todos os soberanos do país, desde o rei Haroldo Dente Azul. E os pormenores decorativos, numa parede, no teto, atraem a nossa atenção a cada passo. Saímos de
Frederiksborg com o olhar pleno e inebriado, cumprindo o objetivo de um palácio
barroco de nos preencher os sentidos!...
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Pormenores decorativos dos tetos das salas do castelo |
O terceiro castelo
que estava nos nossos planos era o Castelo de Egeskow, uns trinta quilómetros a
sul de Odense, na Ilha de Fyn. Construído no meio de um lago que se transformou
no fosso do castelo, é um dos palácios renascentistas mais bem preservados no
norte da Europa. Merecia uma visita! Mas o nosso “TomTom”, o sistema de
orientação onde tinhamos definido as nossas rotas, não foi da mesma opinião!
Por razões que não conseguimos perceber, desorientou-se completamente e
levou-nos a rodar em círculos, por pequenos caminhos rurais, durante horas!
Quando finalmente chegámos ao parque de estacionamento do castelo, corremos
para a entrada mesmo a tempo de ver os grandes portões de acesso cerrarem-se à
nossa frente!
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No centro histórico de Odense, há casinhas que parecem saídas de contos de encantar... |
Engolimos em seco
e tentamos esquecer a frustração. Odense é a terra natal de Hans Christian Andersen
e talvez a sua magia nos consiga confortar!
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A casa onde nasceu Hans Christian Andersen |
A propósito:
encontrámos em Helsingor o par da Pequena Sereia. Chama-se Han, que significa ele em dinamarquês, e contempla o mar na mesma posição da sereiazinha, a
partir de uma doca no velho porto de Helsingor. Foi aí colocado em 2012, no
centenário da sua congénere de Copenhaga.
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Han |
Mas Han não é
feito de bronze, é feito de uma liga de metais polidos. Reflete o mar enquanto
o contempla. E também nos reflete a nós, que assim nos fundimos com a sua
meditação contemplativa.