Memorial aos judeus de Cracóvia, no centro do bairro de Kazimierz |
Na Cracóvia dos anos 30, viviam cerca de 55 mil judeus. Era uma comunidade pujante, numerosa e próspera. Viviam maioritariamente no velho bairro de Kazimierz, fundado pelo rei polaco Casimiro I no séc. XIV para alojar os judeus da cidade. No bairro havia sete sinagogas, escolas e escritórios, armazéns, uma associação desportiva.Aí se situava também o cemitério judaico, junto à velha sinagoga Remuh.
Entrada da sinagoga Remuh |
Lápides no antigo cemitério judaico |
Hoje, sobram duzentos judeus na cidade, se tanto! O filme "A lista de Schindler", de Spielberg, sobejamente conhecido, mostra-nos esse processo gradual de exclusão, perseguição e morte. Fomos explorar a cidade e os arredores, procurando seguir os passos de Schindler e dos judeus da sua lista.
A sinagoga Temple, ainda em funcionamento |
O interior da sinagoga Temple |
O interior da sinagoga Stara |
Ali perto, o moderno Museu dos Judeus da Galícia mostra-nos a história das comunidades de judeus da região sul da Polónia, a Galícia. Era nesta região que se concentravam cerca de 70% dos judeus europeus. Tradicionalmente tolerante, fora acolhendo, ao longo do tempo, comunidades expulsas de outras zonas da Europa de Leste. As fotografias seguem o seu percurso, desde as alegres reuniões familiares aos campos de extermínio.
Entrada do Museu dos Judeus da Galícia |
Foto escolar, antes da guerra |
Com a invasão e ocupação nazi da Polónia, dá-se a ruína desta cultura. Quem já viu o filme "A lista de Schindler" não esquece a história. Agora, vamos ver os lugares onde os acontecimentos aí retratados se deram.
Um troço do muro que rodeava o gueto |
O gueto de Cracóvia fica a sul do rio que banha a cidade, o Vístula. Situa-se junto à zona industrial, o que era conveniente, já que os nazis se apoderaram das fábricas e utilizavam os habitantes do gueto como mão de obra forçada e gratuita. Hoje, resta apenas um troço do muro que delimitava o gueto, mas as fotografias da época permitem-nos reconhecer ruas e prédios, assim como a ponte de ferro por onde os judeus são levados. Na praça central, onde se faziam as chamadas e concentrações, alinham-se hoje cadeiras vazias, numa alusão à ausência e à deportação dos que ali foram reunidos.
As cadeiras vazias dos que daqui foram deportados |
Ainda dentro do gueto, pode-se visitar a antiga Farmácia Águia, pertencente ao farmacêutico polaco Tadeusz Pankiewicz, único não-judeu a quem foi permitida a permanência dentro do gueto. Durante o tempo da ocupação, a farmácia serviu como local de reunião e de passagem de informações e comida entre o interior e o exterior do gueto.
Interior da farmácia Aguia, hoje um pequeno museu. |
Perto dali, encontra-se a fábrica que o nazi Oskar Schindler ocupou. Atualmente, está dividida em dois espaços: num, funciona o Museu de Arte Contemporânea de Cracóvia; no outro, o Museu da Ocupação Nazi. É este que agora nos interessa.
O Museu é muito interessante, porque nos faz percorrer um caminho onde, através de documentos e depoimentos diversos, nos é contada toda a história. Ouvem-se as sirenes de aviso dos bombardeamentos. Entramos nas casas sobrelotadas do gueto. Acompanhamos as deportações. Visitamos o escritório de Schindler e percebemos o esforço para salvar os "seus judeus". E lá estão expostas, também, as fotos dos que faziam parte da famosa lista e graças a ela se salvaram.
O portão de entrada da fábrica (ainda o original) |
O Museu é muito interessante, porque nos faz percorrer um caminho onde, através de documentos e depoimentos diversos, nos é contada toda a história. Ouvem-se as sirenes de aviso dos bombardeamentos. Entramos nas casas sobrelotadas do gueto. Acompanhamos as deportações. Visitamos o escritório de Schindler e percebemos o esforço para salvar os "seus judeus". E lá estão expostas, também, as fotos dos que faziam parte da famosa lista e graças a ela se salvaram.
Footografia da entrada do gueto, onde se vê um troço do muro, que ainda resta |
Parte das fotografias dos que foram salvos por Schindler |
Os que viram o filme, recordam-se com certeza da relação que se estabelece com o chefe do Campo de Concentração próximo, o demente Amon Goth. Esse campo, Plaszow, é visitável.
Hoje, já pouco resta, apenas campo aberto onde antes se situavam os barracões dos prisioneiros. Pode-se, no entanto, encontrar a casa onde o diretor do campo vivia, com a sua macabra varanda, assim como a casa cinzenta das SS. Os memoriais não nos deixam esquecer o sofrimento dos que ali passaram.
Entrada do Campo de Plaszow |
Hoje, já pouco resta, apenas campo aberto onde antes se situavam os barracões dos prisioneiros. Pode-se, no entanto, encontrar a casa onde o diretor do campo vivia, com a sua macabra varanda, assim como a casa cinzenta das SS. Os memoriais não nos deixam esquecer o sofrimento dos que ali passaram.
Pequeno memorial na colina onde se faziam as execuções |
O grande memorial Corações Rasgados |
A grande maioria dos judeus de Cracóvia acabou em Auschewitz. O enorme complexo de trabalho escravo, extorção e extermínio fica a cerca de 60 quilómetros e há muitas visitas organizadas. Pela dimensão desta verdadeira "indústria da morte", a descrição de Auschewitz extravasa os objetivos deste pequeno roteiro, mas é um lugar de peregrinação, acima de tudo. É preciso ir lá para perceber até onde pode ir o desprezo pela condição humana. E para não permitir que se repita.
Entrada do Campo de Concentração de Auschewitz |
Hoje, a Rua Szeroka continua a ser o coração do bairro judeu de Cracóvia. Os polacos tentam recuperar e honrar as tradições judaicas, que também são parte da sua própria cultura e da sua história. O bairro de Kazimierz está cheio de bares e restaurantes judaicos. Há muitos jovens e turistas sentados em esplanadas nas velhas ruas que Spielberg filmou.
Há concertos de música klezmer e exposições variadas. O velho bairro fervilha de vida. Provavelmente, é a melhor forma de honrar os judeus que ali tanto sofreram e que a barbárie nazi tentou apagar da face da terra.
Esplanadas no velho bairro judeu |
Há concertos de música klezmer e exposições variadas. O velho bairro fervilha de vida. Provavelmente, é a melhor forma de honrar os judeus que ali tanto sofreram e que a barbárie nazi tentou apagar da face da terra.
Restaurante judaico na rua Szeroka |
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