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Acesso aos claustros do Mosteiro de Santo Estevo de Ribas de Sil
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Em plena Galiza, longe das praias e dos grandes centros de peregrinação, encontra-se a Ribeira Sacra. O centro talvez seja a cidade de Monforte de Lemos, a meio caminho entre Lugo e Orense.
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O brasão do Conde de Lemos, junto à fortaleza |
Monforte de Lemos é hoje uma cidade pequena, mas os seus monumentos atestam a importância que tinha, pelo menos até ao século XVII. Cruzada pelo rio Cabe, tem uma pequena ponte a que chamam romana, como é habitual em relação a todas as pontes antigas, mas na realidade data da Idade Média.
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O parque, junto ao rio Cabe
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Há um parque agradável ao longo do Cabe e, ao fundo do parque, encontramos a grande surpresa da cidade: o enorme edifício do Colégio de Nossa Senhora da Antiga, um complexo escolar construído no século XVI, que funcionou como Universidade até à expulsão dos Jesuítas de Espanha, em 1767. É um edifício belíssimo.que domina a grande praça fronteira, o Campo de la Compañia, e serve de cenário para os festivais que aí decorrem no verão.
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Colégio de Nossa Senhora da Antiga |
O belo edifício, conhecido como o Escorial galego, ainda hoje funciona como colégio e, para nós portugueses, apresenta uma curiosidade: o terramoto de Lisboa de 1755 também se fez sentir aqui, causando a queda das asas de vários anjos que flanqueavam a escadaria monumental.
Pode-se ter uma bela perspetiva de Monforte de Lemos a partir da Torre de Menagem da fortaleza, construída no século XII pelo Conde de Lemos. A fortaleza está transformada num Parador e até a igreja adjacente estava em processo de restauro, pelo que nos ficámos pelas vistas.
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A Torre de Menagem
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Para sul da cidade, o grande protagonista é o rio Sil. Este rio, afluente do rio Minho, escavou aqui o seu percurso entre altas paredes de pedra. Os panoramas são espetaculares e o chamado Canhão do Sil pode ser observado de vários miradouros, bem assinalados, como é o caso dos Balcones de Madrid, que valem bem a caminhada para lá chegar!
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O rio Sil
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À volta do rio, cresceram pequenos centros monásticos que dão o nome à região. São pérolas do que hoje se chama o românico galego. Alguns têm uma origem muito antiga, como São Pedro de Rocas, que data do século VI.
O maior e mais imponente dos mosteiros da Ribeira Sacra é Santo Estevo de Ribas de Sil. Inclui uma igreja com uma bela fachada barroca. O mosteiro está transformado num Parador, mas ainda é possível visitar os três claustros românicos, que preservam a lenda dos nove bispos que aqui procuraram refúgio, quando das invasões muçulmanas.
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O Mosteiro de Santo Estevo de Ribas de Sil
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Mas as jóias da Ribeira Sacra são os pequenos mosteiros, como Santa Cristina de Ribas de Sil, escondida entre castanheiros centenários. Este pode-se visitar e tem até um pequeno centro de interpretação.
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Santa Cristina de Ribas de Sil
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A entrada para o claustro
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As pinturas do altar-mor
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O mosteiro de San Miguel de Eiré está fechado mas integra-se harmoniosamente numa aldeia com um modo de vida que aparenta ser tão antigo como o mosteiro.
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O mosteiro de San Miguel de Eiré
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Uma porta...
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... e uma janela. |
Toda esta região, de rios profundos e florestas densas, parece ainda pouco tocada pelo progresso e pelo turismo menos respeitoso. A natureza envolve-nos e transporta-nos para outras épocas e outras religiosidades. Quase esperamos encontrar, ao rodear uma árvore, um eremita ou uma mulher, dessas a que aqui chamam meigas, dotadas de poderes sobrenaturais e de saberes e mezinhas ancestrais.
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Um recanto tranquilo no Pazo da Pena
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Não apetece quebrar a magia do lugar com o alojamento num qualquer hotel moderno e incaracterístico. Em boa hora reservámos quartos no Pazo da Pena, em Manzaneda. Este alojamento rural é uma antiga casa senhorial, cabeça de uma grande propriedade onde se cultivava a vinha e o linho. Foi cuidadosamente restaurada e podemos ainda ver a oficina de tratamento do linho ou a velha cozinha onde se confecionavam os alimentos para os numerosos habitantes da casa. À volta, as árvores atestam, com a sua altura e envergadura, a antiguidade do lugar.
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A velha cozinha do Pazo
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Uma árvore centenária no parque |
E apetece ficar ali. Ou voltar, uma e outra vez, a esta região tão diversa mas, afinal, tão próxima de nós.
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E apetece ficar ali...
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