domingo, 19 de julho de 2015

Grátis em Paris II


O Museu do Louvre visto do Museu do Quai d'Orsay

Paris tem muitas facetas, há sempre alguma coisa interessante para descobrir. Até nos cemitérios... O principal cemitério de Paris é o Père Lachaise. Vale a pena passear por lá e encontrar os túmulos de tanta gente conhecida, desde escritores a compositores e cantores famosos. Há um roteiro, que pode ser pedido na entrada, que nos ajuda a encontrar o que queremos, no meio das áleas frondosas, dos memoriais e dos túmulos grandiosos ou humildes. 


No Mercado das Flores

Mais antigo, datando do século I, o antigo anfiteatro romano de Lutécia, Arènes de Lutece, foi descoberto quando se faziam umas obras no Quartier Latin. Hoje já não se fazem aí lutas de gladiadores, mas joga-se a petanque e vale a pena passar por lá, sentar nas bancadas e apreciar este jogo tão francês. A entrada é livre.
Mas não se pode pensar em Paris sem pensar nos seus museus. Também aqui há algumas ofertas para aproveitar. Há alguns museus cujas coleções permanentes são de entrada gratuita, pagando apenas para entrar nas exposições temporárias. É o caso do Musée Carnavalet, que nos leva a um percurso pela história de Paris, ou do Musée d'Art Moderne de la ville de Paris, cujas coleções incluem alguns dos mais importantes nomes das belas artes contemporâneas.


As esculturas da fachada de Notre Dame

O Centro Georges Pompidou, e Les Halles, é incontornável numa visita a Paris. Ainda mais porque a visita ao Atelier Brancusi, uma reconstituição do atelier do célebre escultor, que inclui muitas das suas obras, doadas pelo próprio artista ao estado francês, é completamente gratuita


Nas margens do Sena

No primeiro domingo de cada mês, há entrada livre na maioria dos museus da região parisiense. Começando no Museu do Louvre, passando pelo Musée Rodin, pela Sainte Chapelle, pela Conciergerie, terminando no Palácio de Versalhes, há que ter paciência para enfrentar as longas de filas de visitantes que também querem aproveitar a borla... Mas, em alguns destes locais, é possível comprar o bilhete antecipadamente pela internet, ultrapassando assim as filas!


Nas margens do Sena

Por fim, se vive na União Europeia e tem menos de 25 anos, esqueça tudo o que acabei de escrever. A entrada é mesmo livre na maioria dos museus e locais culturais de Paris, em qualquer dia da semana. Por isso, aproveite bem, enquanto é tempo!...


Sob a Torre Eiffel

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Grátis em Paris I


Paris e o Sena
Ficou célebre a frase de Audrey Hepburn: Paris is always a good idea...
É, realmente, uma cidade fascinante, com muita coisa para usufruir e oferta cultural para todos os gostos e para todas as bolsas. São muitas as atrações que se podem admirar e os locais que se podem apreciar, a custo zero. Vou deixar aqui algumas sugestões, que permitem passar uns dias em Paris com um orçamento económico, mas apreciando todo o ambiente da cidade.
Para começar, a Torre Eiffel. É, provavelmente, o monumento mais conhecido de Paris mas, com sinceridade, é mais interessante apreciá-lo de fora do que subir ao topo - o que, para mais, fica caro e nos obriga a perder imenso tempo na fila. Não há vista da Torre Eiffel que se compare à que se pode obter do terraço do Palácio de Chaillot ou do Trocadero. Em alternativa, prepare um piquenique e estenda-se no relvado do Campo de Marte, à espera do anoitecer e das luzes que cintilam na Torre de hora a hora. Se a ideia é ter uma vista panorâmica de Paris, é preferível subir até Montmartre e ver a paisagem a partir do Sacré-Coeur. Para completar, pode visitar a Basílica do Sacré-Coeur, a entrada é gratuita.

Tocando concertina frente ao Sacré-Coeur
Outro ícone de Paris é o Arco do Triunfo. Não vale a pena subir ao topo do arco, tudo o que é interessante está cá em baixo: as esculturas e baixos-relevos que lembram as vitórias de Napoleão, o túmulo do Soldado Desconhecido, as exposições temporárias nas galerias de acesso.

O Túmulo do Soldado Desconhecido
 Depois, é imprescindível descer os Campos Elíseos, apreciar as lojas e os cafés, dar a volta à Praça da Concórdia, passear pelas Tulherias, alimentar os passarinhos. É tudo gratuito. 

Nos Campos Elíseos
A Catedral de Notre-Dame também é de entrada livre e é imperdível, ou não fosse um dos expoentes da arte gótica. Também vale a pena rodeá-la e olhá-la da margem esquerda do rio Sena, para apreciar os pináculos, arcobotantes e contrafortes que não se podem ver do interior. Por falar no rio, o coração de Paris é o rio Sena. Não se pode deixar de calcorrear as suas margens, atravessar as pontes, parar nos vendedores de gravuras e livros antigos. Os namorados costumavam deixar cadeados com os seus nomes presos nas pontes do Sena. O peso obrigou à sua retirada, mas Paris não ficou menos romântico por causa disso!

Notre Dame de Paris vista da margem esquerda do Sena
Como qualquer cidade, Paris é para ser caminhada. Sem pressas. Apreciando as praças e boulevards, da Place des Vosges à modernidade da Défense. Apreciando as pontes e os cais do Sena. Apreciando os jardins, dos Jardins du Luxembourg à originalidade da Promenade Plantée. Porque, felizmente, caminhar pela rua ainda é completamente gratuito...

No Jardim das Tulherias

segunda-feira, 13 de julho de 2015

D. Dinis na bomba de gasolina



Paragem técnica na área de serviço de Leiria. Nada de demorado, só meter gasolina e desentorpecer um pouco as pernas. 
É então que vislumbro estas três meninas. Talvez influenciada pela proximidade de Leiria, ou talvez pela atitude e pelo gesto das mãos no regaço, fizeram-me lembrar o milagre das rosas da rainha D. Isabel. Mas também podiam ser apenas três amigas, conversando umas com as outras sobre os seus amores, trocando pequenos segredos cúmplices.
Aproximei-me e lá estava, gravado na pedra do muro próximo, o poema mais conhecido do nosso rei D. Dinis: Ay flores, ay flores do verde pinho, se sabedes novas do meu amigo...
Qualquer local é bom para gravar um poema... Que boa surpresa, encontrar D. Dinis naquela bomba de gasolina...

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Grátis em Londres


Um passeio no Tamisa

Londres é uma cidades mais caras da Europa. Sentar num restaurante significa preparar a carteira para uma surpresa, a maioria dos espetáculos são caros, as entradas nos monumentos também não são baratas. No entanto, é um dos destinos mais populares e, garantidamente, pode-se fazer uma pequena estadia na capital inglesa sem grandes gastos, já que há imensas coisas interessantes que se podem fazer gratuitamente.
Para começar, a maioria dos monumentos londrinos são cénicos, isto é, são mais bonitos de apreciar de fora. É o caso da famosa London Bridge, ou do Big Ben. A Torre de Londres merece bem uma visita, especialmente se tiver a sorte de apanhar um beefeater bem humorado como guia. Mas, se não lhe apetecer pagar a entrada ou estar na fila para adquirir o bilhete, faça uma ronda pela Torre. Há frequentemente espetáculos e reconstituições históricas junto aos fossos que valem igualmente a pena.
Os parques de Londres são muito agradáveis e tranquilos. Observe os esquilos, bordeje a Serpentine e passe pelo Speaker's Corner, no Hyde Park, estenda-se num cadeirão de lona no St. James Park, a aproveitar alguns raios de sol. São todos de entrada gratuita.
Já que passeia pelo St. James Park, tente assistir ao Render da Guarda frente ao Palácio de Buckingham. É um dos grandes espetáculos londrinos e é gratuito. Mas encha-se de paciência e chegue cedo, porque os espetadores são muitos.
As ruas são públicas, certo? E algumas valem bem o passeio: Oxford Street, Abbey Road (já agora aproveite e tire uma fotografia igual à dos Beatles, na mesma passadeira), Piccadilly Circus, Trafalgar Square... Também há alguns mercados de rua que merecem uma voltinha com calma, como o Portobello Market, já para não falar das grandes lojas, como o Harrod's. Fazer compras é facultativo...
Ir a Londres e não apreciar o seu enorme acervo cultural é impensável. E não é necessário, já que os melhores museus de Londres são de entrada gratuita. A lista é enorme: Museu Britânico; Tate Modern; Museu de História Natural; Museu de Londres; National Gallery; Victoria and Albert Museum; Science Museum... Das múmias egípcias aos frisos do Partenon, das pinturas de Turner ao esqueleto do T-Rex, pode apreciar tudo isto gratuitamente!
Para terminar em beleza, porque não um passeio ao longo do rio Tamisa, até Greenwich? Se não quiser ir em cruzeiro, pelo rio, há autocarros que fazem a ligação. A pequena cidade de Greenwich é encantadora. Podemos apreciar o grande veleiro Cutty Sark e visitar o Observatório Astronómico. A entrada no Observatório é paga, mas todo o restante espaço do complexo é de entrada livre. Os relvados são belíssimos, a vista é fantástica, e tirar uma fotografia com um pé em cada lado do Meridiano de Greenwich é sempre uma experiência especial!

O Meridiano de Greenwich

segunda-feira, 6 de julho de 2015

O Real Alcazar de Sevilha



Entrada do Palácio de Pedro I no Alcazar

No seguimento do sucesso da série Game of Thrones, correram mundo as imagens do magnífico palácio dos governantes de Dorne. Parece um sítio irreal e fantástico, mas existe mesmo: é o palácio de Pedro I, no Alcazar de Sevilha.


Pátio interior do palácio
Na verdade, o Alcazar - palavra árabe que significa fortaleza - é bastante antigo, tendo os invasores árabes edificado sobre construções romanas e visigodas. Hoje, é um complexo palaciano que engloba espaços edificados em épocas sucessivas, desde os almóadas até aos Reis Católicos e Carlos V, que aí deixaram também salas ricamente decoradas. 


Pátio do Gesso, ainda do palácio almóada
Mas a jóia do conjunto é o palácio de Pedro I, mandado construir em 1364. Corria o século XIV e os cristãos avançavam no território do Al-Andaluz. Sevilha era uma cidade importante e a sua conquista aos mouros constituía um marco digno de nota no avanço cristão. Assim o pensou o rei de Castela Pedro I. Mandou vir os melhores artífices e canteiros de Toledo e Granada e, num tempo record, construiu o seu palácio dentro do alcazar mouro.


Pátio das bonecas, centro do espaço doméstico do palácio


Os arcos do pátio central

O resultado foi notável. O palácio é o mais belo exemplo de arte mudejar da península ibérica e integra-se harmoniosamente nos espaços preexistentes. A arte mudejar, embora cristã, utiliza as técnicas, os materiais, a gramática decorativa dos muçulmanos. 


A chamada Sala dos Embaixadores

Das portadas das janelas à decoração dos tetos, dos arcos trabalhados aos pátios com fontes murmurantes, das portas em ferro forjado às paredes cobertas de azulejos, formando padrões complexos e belíssimos, tudo nos fala deste diálogo entre culturas e sensibilidades artísticas.


Os belíssimos azulejos do pátio central

Os jardins também são muito bonitos e agradáveis de percorrer no clima, por vezes difícil de aguentar, do verão sevilhano. Já agora, uma curiosidade: o jardim do Alcazar de Sevilha também serviu de cenário a outro filme marcante, o Kingdom of Heaven de Ridley Scott.


Os belos jardins do Alcazar

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Grátis em Veneza



Vista da laguna a partir da Basílica de São Marcos

Agora que se aproximam as férias, Veneza é uma das cidades mais requisitadas e visitadas. Não admira, é uma cidade bela, estranha e fascinante. Na verdade, é tão visitada que, às vezes, é difícil descobrir italianos na cidade, tantos são os turistas! Mas é, realmente, um destino incontornável...
Mas Veneza fica na Itália, um país conhecido pelos preços altos, em particular para turistas! No entanto, é possível fintar a crise e os preços altos. É que há muitas coisas interessantes que se podem fazer, gratuitamente.
Comecemos pelo centro, a Praça de São Marcos. Passear pela praça é visitar o coração de Veneza. Há muitos cafés, com pequenas orquestras, como o Florian, que já remonta ao século XVIII. Sentar nas esplanadas é proibitivo, mas ninguém nos proibe de assistir aos concertos e apreciar o ambiente. Também é gratuita a visita à belíssima catedral de São Marcos. Já para subir ao campanário ou visitar outras partes do complexo, é preciso pagar. Veneza tem mais de cem igrejas, algumas delas verdadeiras jóias artísticas, sendo a maioria de entrada livre.
Também as pontes, como a famosa Ponte de Rialto, são de visita livre. Outra visita que vale a pena é ao velho Bairro Judeu, o Ghetto Nuovo. A visita à sinagoga é paga, mas todo o restante espaço é de visita livre.
Um passeio de gôndola faz parte do imaginário coletivo mas, se esquecer um pouco o romantismo de pacotilha e quiser apenas passear pelos canais, é preferível apanhar o vaporetto que, como um verdadeiro autocarro aquático, percorre todo o Gran Canal, com paragens regulares. O preço é muito acessível, especialmente se se comprar um bilhete diário.
Alguns museus têm atividades gratuitas para crianças, como o Peggy Guggenheim ou o Planetário, situado na ilha do Lido. Já o Museo della Musica, que inclui uma exposição sobre o veneziano Antonio Vivaldi, é sempre gratuito para todos. 
O Mercado do Peixe também é imperdível e uma ocasião, já rara, para perceber a vida real dos venezianos.
Para todos os que não dispensam, apesar do custo, a visita a outros espaços emblemáticos da cidade, como o Palácio Ducal, o Ca' Pesaro, a Biblioteca Marciana, o Museu da Academia, vale mesmo a pena adquirir o Venice Card, vendido nos Museus ou no Turismo. O preço do cartão é quase equivalente à entrada num desses espaços, apenas. 
Sim, é possível visitar Veneza com pouco dinheiro no bolso...